Fora de jogo - Futebol em tempos de TikTok
Nada como sair da nossa bolha. Os jornalistas, no geral, estão acostumados a viver abraçados na própria arrogância, o que automaticamente não permite enxergarmos a atual realidade por outro prisma
“Os jovens já não suportam mais assistir aos jogos de noventa minutos. Não há interesse. São pouco atraentes e, não menos importante, pouco competitivos”.
A afirmação do histórico Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, em abril de 2021, quando, na altura, defendia com unhas e dentes a criação de uma Superliga Europeia. Um projeto ousado —e esnobe— de competição elitizada e distante da meritocracia. A prioridade passava por dar palco única e exclusivamente aos grandes clubes.
Injusto dizer que aquelas palavras entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Mas, honestamente, foi praticamente isso. Achei pouco impactante e até certo ponto sem muito nexo. Provavelmente, porque eu, no fundo, estava revoltado com a forte possibilidade de um novo torneio que pudesse vir a matar a essência do esporte que tanto amo.
O tempo passou. O projeto (ainda) não foi para frente. A polêmica declaração do poderoso dirigente espanhol, no entanto, começou a ganhar peso na minha consciência nos últimos meses. Sozinho, em casa, frequentemente colocava em dúvida especialmente o tempo de duração de uma partida de futebol.