Imigrei

"Sό sonham e imigram os que conhecem a arte de voar"

30/12/2024 às 12:03 | 1 min de leitura | Edição Impressa

Era uma tarde de sol ameno
quando o voo descolou-se em Maputo.
Na mão direita eu assegurava
o meu coração despedaçado
como um jarro de flores partido no chão
é dorido despedir-se da terra natal
a terra que nos viu florir,
mas é saboroso voar para outras terras.
Largar-se e percorrer o além
beijar o céu o mar o vento e saborear a vida.

Para além do coração partido
um vento robusto e esperançoso cobrria-me o rosto
uma nuvem candura
cariciava o meu olhar pousado na janela do avião.

Tudo que moldei por longos anos
(amizades, sonhos realizados)
foi reduzido cuidadosamente
numa mala de 23 quilogramas.