Iolanda! Assim se chama a cantora que venceu o Festival da Canção 2024, garantindo vaga para representar Portugal na Eurovisão. E a origem do nome da artista está no Brasil.
Os pais da cantora escolheram chamá-la assim por conta da versão brasileira da música "Iolanda", eternizada nas vozes de Pablo Milanés e Chico Buarque.
A portuguesa venceu o concurso em março com a canção "Grito", que levou para a cidade de Malmö, na Suécia, onde foi transmitido o Eurovisão.
“Gosto de ouvir pop, jazz e música clássica. Do Brasil gosto de “Sozinho”, do Caetano Veloso e das músicas da Maria Gadú", contou.
Além do nome inspirado na música de Chico Buarque, você tem familiares no Brasil. Como é a sua relação com o país?
Na minha casa sempre ouvimos muita música brasileira, tanto que meus pais escolheram meu nome assim. É um nome diferente, não é? Eu quero muito visitar um dia o Brasil quando surgir oportunidade. Quem sabe fazer um concerto lá? Seria lindo.
Como é que está (foi) a preparação para a Eurovisão?
Minha rotina está muito mais diferente do que era a minha vida antes. Estamos a trabalhar quase 24 horas em sete dias. Não há muito tempo para uma vida pessoal neste momento. Eu acho que há momentos na vida em que nós damos mais para o trabalho do que damos a vida pessoal. E está tudo certo com isso. Estamos muito entusiasma- dos com a viagem para a Suécia e com todos os preparativos.
Você já falou que Portugal precisa levar a sério a cultura. Como foi para você, ganhar o Festival da Canção justamente quando ele completa sessenta anos, no ano das comemorações dos cinquenta anos do 25 de Abril, de eleições?
Foi super importante porque acho que estamos a viver um período em que precisamos muito acreditar que a ditadura não é a forma de levar o país avante e que a cultura precisa obviamente ser ouvida. Precisamos dar espaço aos artistas, aos artistas portugueses e estrangeiros, especialmente os irmãos do Brasil, dos Palop, que fizeram de Portugal também o seu país. Por isso é que foi importante eu ter pedido às pessoas para irem votar [durante o Festival da Canção].
Porque, acima de tudo, é importante exercermos esse direito para que as coisas se orientem de alguma forma. Já se toma- ram decisões este ano que na minha opinião não revelam uma grande positividade e um caminho não muito luminoso. Mas lá está. Cada um sabe de si, e eu sinto que estaremos cá para conseguir mudar as coisas quando for necessário.
Quando pediu para que fossem exercer o direito ao voto, você já estava preocupada com o futuro da cultura em Portugal?
Sim, sem dúvida. Até porque nem se falou muito de cultura este ano. Nós vimos as eleições, vimos os tratados dos partidos, vimos os programas eleitorais e não há muita menção à cultura. E é interessante e muito aterrorizante não ver esse assunto ser falado porque, na verdade, um país sem cultura é um país morto. Não é um país que vive, não é um país que se diverte, que se alegra. Para mim, obviamente, a cultura é um trabalho, porque é o meu trabalho, mas para outros a cultura é um momento em que se celebra.
Tenho a sensação de que você se emociona quando fala sobre cultura quando faz esse discurso político.
Eu acho que é importante porque na verdade para mim, enquanto artista, obviamente, a minha música é considerada uma forma de arte, mas também sou uma trabalhadora que paga as contas, que tem uma renda (aluguel) para pagar... Claro que há a magia da arte, isso é um ponto, mas não podemos esquecer do negócio da arte, que é, efetivamente, também um negócio, e nós, enquanto artistas, precisamos ser reconhecidos como quem tem uma profissão válida e uma profissão que também tem algo de bom a dar ao mundo. É isso.
Quero saber de spoiler do que vem para o Eurovisão.
Nós estamos ansiosíssimos para poder pisar nos diferentes palcos na Suécia, tantos nos eventos que acontecem fora da Eurovisão, como no da Eurovisão em si. Nós estamos a trabalhar para trazer muitos outfits dife- rentes, com o que podemos alterar. Eu já tinha algumas ideias, caso isto acontecesse, porque obviamente a pessoa sonha. Portanto, eu fiz de tudo para ter algumas ideias definidas na cabeça, e há coisinhas que vão mudar. Vou levar os meus bailarinos, posso dizer isto com toda a certeza e vamos fazer algumas alterações nas coreografias.
Coisas que não mudam a estética da performance, porque eu gosto muito de como ela está, mas que são, sem dúvida, aspectos importantes para que fique o mais limpo possível. Eu acho que são estas duas coisas que eu posso revelar. Mas vocês vão percebendo, à medida que as coisas vão acontecendo, eu vou revelando dia após dia, sempre mais uma coisinha ou outra, porque também é magia e é giro, é muito giro ir fazendo isto mesmo com os fãs e com toda a gente que está à volta deste processo.
O que está programado para o pós-Eurovisão?
Estamos completamente na correria, porque decidimos fazer dois shows no Capitólio logo em seguida à Eurovisão. Somos muito malucos, somos loucos, mas nós gostamos muito de trabalhar, e de trabalhar nesta correria, porque eu acho que isso faz parte da magia de fazer música e de fazer arte. Estamos a trabalhar muito entusiasmados com as duas datas que vamos ter no 22 de maio e no dia 23 de maio, logo a seguir à Eurovisão. Depois temos um verão com alguns concertos e música nova saindo. Essa posso dizer que, entretanto, virá música nova talvez ainda no mês de maio. Talvez. Talvez.
Nos dias 1 e 2 de junho, o “Coala Festival” terá sua primeira edição em Portugal. No cartaz nada mais nada menos que: Jorge Ben Jor, Gilberto Gil, Baiana System, Céu, Rubel, a portuguesa Carminho e outros nomes.
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