Sorriso no rosto, alto astral e coxinhas. Melhor recepção não poderia haver, e foi assim que a empresária cearense Maiara Righi, de 41 anos, recebeu a BRASIL JÁ para falar sobre um negócio que é uma delícia — ou uma delícia de negócio: a Madre Coxinha.
A atividade começou de forma despretensiosa e hoje é o ganha-pão da brasileira. Começamos por um dado que ela nos deu e que por si só impressiona: Maiara está à frente de uma linha de produção que dá cabo de fazer quatro mil coxinhas por hora. Guardem essa informação.
O sucesso do quitute na terra do pastel de nata motivou a empresária a dar mais um passo importante: este ano está prevista a estreia da Madre Coxinha no Rock in Rio Lisboa, nos dias 15, 16, 22 e 23 de junho. Para isso, ela contará com um espaço de vendas exclusivo e ambulantes espalhados pelo festival para atender o público.
A ideia de Maiara é turbinar a produção diária atual para chegar no evento podendo comercializar cem mil coxinhas por dia. Um baita desafio, considerando que ela vende trinta mil coxinhas por mês. A cearense pretende ter uma equipe de dezoito pessoas durante a festa do rock. Assim como no evento original, no Rio de Janeiro, o Rock in Rio em Lisboa chega a receber quase cem mil pessoas por dia — a diferença é que no Rio são sete dias de festa e música.
A vida de empreendedora não é fácil e Maiara dá o devido crédito ao financiamento do governo português. Foram vinte mil euros de capital usados para o investimento inicial no negócio.
“Hoje, eu tenho uma cozinha montada dentro da incubadora Amadora Inova, da Câmara Municipal da Amadora. E com o investimento do governo consegui importar o maquinário do Brasil. Eu precisava desse apoio”, contou Maiara.
Com uma equipe fixa de três mulheres, a empreendedora disse que pretende manter o perfil da empresa 100% feminino em novas contratações. E não só. Ela quer priorizar a inclusão de imigrantes, afirma: “Eu sei que é possível ter mais oportunidades e mais humanidade para essas mulheres”.
A história do negócio começou de forma improvisada durante a festa dos Santos Populares, em Lisboa. Maiara preparou vinte coxinhas para vender na porta de casa e, pronto, veio o sucesso.
“Eu morava na Bica e fiz coxinha e caipirinha para vender. Acabou em cinco minutos. Da ideia de ter uma renda extra, percebi o potencial do produto. Então, desenvolvi uma receita com gostinho de casa”, disse.
Sem esquecer os desafios que enfrentou, a empresária se orgulha do caminho trilhado até aqui: “Eu fui a primeira pessoa sem cidadania portuguesa a conseguir a linha de apoio [da Câmara da Amadora]. E quando fui fazer uma visita técnica no espaço onde será o Rock in Rio Lisboa foi significativo demais. Estou no maior festival brasileiro e um dos maiores do mundo!”.
O sabor tradicional de frango é o carro-chefe da casa, mas a Madre Coxinha vende também o quitute em versão vegetariana e a coxinha de carne de sol, que tem o sabor do Nordeste brasileiro.
E este ano tem novidade, que ela adiantou à BRASIL JÁ: os sabores calabresa com queijo e cebola caramelizada e camarão com queijo em creme.
A receita da coxinha é segredo, mas o sucesso do empreendimento de Maiara está no fato de a vontade de fazer dar certo ser maior que o medo:
“Sair da zona de conforto e arriscar dá medo, e temos que ir com medo mesmo. Aqui em Portugal tem, além desses, outros desafios. Ser mulher, imigrante e não conhecer as burocracias daqui, por exemplo. Tudo eu tive que aprender do zero”. Para o futuro, ela quer mais do que números. A empresária afirmou que quer mudar a vida das pessoas e propagar a cultura brasileira com um produto de qualidade: “Quero continuar a ter uma empresa responsável, que investe nas pessoas e com uma equipe feminina forte”.
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