Os erros que ninguém pode cometer

Assédio de Silvio Almeida à Anielle Franco: 'É difícil descrever o que causou mais choque"

30/12/2024 às 12:08 | 2 min de leitura | Edição Impressa

Um terremoto político sacudiu o Brasil no dia 5 de setembro. Reportagens denunciaram que o Me Too Brasil recebeu relatos de que o então ministro dos Direitos Humanos, o intelectual Silvio Almeida, tinha assediado e importunado sexualmente funcionárias do governo —incluindo sua colega de governo Anielle Franco, a ministra da Igualdade Racial.

É difícil descrever o que causou mais choque. Almeida era, à época, o único ministro autodeclarado negro na gestão Lula. Antes dele, nos anos de Bolsonaro, a rubrica era chefiada por Damares Alves, agora senadora.

A saber: Damares deixou crianças vítimas de violência sexual desprotegidas. Nos anos em que esteve à frente do ministério, ela empenhou recursos para impedir que meninas grávidas, vítimas de estupros, interrompessem a gravidez. O procedimento é permitido no Brasil, apesar da legislação sobre o tema ser das mais reacionárias do mundo.

Ao chegar ao governo em 2023, Almeida criou boas expectativas quanto à inflexão na rota do Ministério de Direitos Humanos. Autor do livro "Racismo Estrutural", de 2019, o intelectual também é professor de reconhecidas instituições de ensino superior e presidente do Instituto Luiz Gama, organização que reúne acadêmicos, juristas e ativistas antirracismo.