Coletivo feministra em Paris exibe faixa de apoio ao direito ao aborto (Arquivo). Crédito: EPA, Teresa Suarez, Lusa

Coletivo feministra em Paris exibe faixa de apoio ao direito ao aborto (Arquivo). Crédito: EPA, Teresa Suarez, Lusa

Aborto vira direito constitucional na França

Texto foi aprovado por parlamentares com 780 votos e 72 contra

04/03/2024 às 18:44 | 2 min de leitura | Direitos Humanos
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O Congresso francês aprovou nesta segunda (4) a inclusão do aborto na Constituição. É o primeiro país do mundo a garantir a interrupção voluntária da gravidez como um direito na lei fundamental.

Em sessão nesta tarde em Versalhes, os senadores e deputados franceses aprovaram o texto com 780 votos e 72 contra, assegurando a maioria de três quintos necessária para a mudança.

Com esta última etapa legislativa, o projeto de lei constitucional, relativo à liberdade de recurso ao aborto, alterou o artigo 34º, que passará a incluir “a garantia da liberdade das mulheres de recorrer à interrupção voluntária da gravidez”.

Garantia de liberdade

Segundo informações da BBC, a mudança suscita revisar a Constituição francesa, que é de 1958. Essa foi a 25ª emenda à lei fundamental, a primeira desde 2008. Pesquisas divulgadas no país, também de acordo com a emisso britânica, indicavam que 85% da população apoiava a reforma. 

Antes do resultado, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, disse que o direito ao aborto estava em perigo, à mercê de ordens de governantes. "Eu estou dizendo às mulheres, dentro e fora de nossas fronteiras: a era de uma esperança para o mundo está começando", afirmou Attal. 

A inclusão do direito na Carta Magna enfrentou resistência de direitistas, enquanto o presidente do país Emmanuel Macron enfrenta acusações de usar a Constituição para fins eleitorais. Críticos da mudança afirmam que a revisão era desnecessária, e acusaram Macron de manobrar para agradar a ala à esquerda. 

Na França, o direito ao aborto é garantido em lei desde 1975. A lei pasou por nove atualizações, sempre no sentido de ampliar o acesso ao direito. 

Restrições nos EUA incentivaram mudança 

A inclusão do direito na Constituição também foi motivada por mudanças do outro lado do Oceano Atlântico. Nos Estados Unidos, o direito ao aborto caiu por ordem da Suprema Corte em 2022. Com isso, os estados passaram a banir o procedimento, anulando o direito de milhões de mulheres. 

Anne-Cécile Mailfert, ativista da Fundação Femmes, que luta pelos dieitos das mulheres, disse que no momento do voto, a Torre Eiffel deveria brilhar e enviar a mensagem para o mundo. "É uma importante mensagem para o mundo", disse Mailfert. 

"Essas emoções que nos preenchem hoje nos dão energia, e nós gostaríamos de transmiti-las para outras mulheres e feministas que no mundo lutam por direitos parecidos", completou.

O Vaticano reagiu à determinação do Congresso francês dizendo em comunicado que não existe direito em "tirar uma vida humana", preocupação que já vinha sendo manifestada por bispos franceses. 

O centro do poder católico apelou a todos os governantes e todas as tradições religiosas para se empenharem, nesta fase da História, em priorizar a proteção à vida.

Com informações da Lusa e BBC

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