Retomar o protagonismo brasileiro na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, a CPLP, é um dos desafios que o diplomata Juliano Féres Nascimento elenca como sendo prioritários para a sua gestão como embaixador do Brasil junto ao grupo de nações.
Em entrevista à jornalista Déborah Lima, da BRASIL JÁ, publicada na edição deste mês, Nascimento também lembrou do papel estratégico do Brasil dentro da organização, acrescentando que outros objetivos são focar em cooperação, promoção da língua portuguesa e mobilidade entre os Estados-membros.
E falando em mobilidade, o embaixador adiantou que há um trabalho conjunto para tentar implementar um Erasmus CPLP.
Amplamente conhecido na Europa, o Erasmus é um programa de intercâmbio para estudantes que, segundo afirmou Nascimento, agora pode ter uma versão própria em português.
Fazem parte da CPLP, por ordem alfabética, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Volta ao jogo e xenofobia
O próprio embaixador narrou que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro o Brasil encolheu em participação e relevância na CPLP, o que, segundo ele, prejudicou a visibilidade do país na organização.
"Voltamos para o jogo [com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva]", afirmou, ressaltando que a retomada do diálogo com os países africanos, que compõem dois terços da comunidade, é essencial para fortalecer a cooperação.
O diplomata disse que o governo Lula tem um olhar diferenciado para a África e para as relações com o Sul Global, e que portando pode utilizar a CPLP como um instrumento importante de projeção do Brasil.
Sobre as dificuldades de brasileiros em Portugal, o embaixador reconheceu que a xenofobia é um obstáculo e, portanto, afirmou que um de seus compromissos é promover a diversidade cultural e combater preconceitos, incluindo os relacionados às variantes da língua portuguesa.
A mobilidade CPLP também é uma preocupação. O acordo entre os países da comunidade visa facilitar a circulação entre cidadãos dos países, mas para os que chegam a Portugal, por fazer parte da União Europeia, há obstáculos.
Por exemplo, a autorização de residência CPLP em Portugal se resume a uma folha de papel A4 e não permite que o imigrante visite outros países europeus. Esse problema tem sido discutido a nível nacional, com a promessa do governo português de mudar esse panorama.
Assine a BRASIL JÁ e confira a entrevista completa com o embaixador.