O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na Europa para, segundo informou o Palácio do Planalto, cumprir agendas internacionais em Genebra, na Suíça, e em Borgo Egnazia, na Itália.
Na visita ao velho continente, Lula se reúne com lideranças mundiais e de organizações internacionais, participa do Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social da OIT e participa de discussões da Cúpula do G7.
A vinda do presidente, uma liderança global de esquerda, ocorre num momento de franco crescimento da extrema direita e disseminação da ideia de uma "Europa fortaleza". Isto é, forças políticas extremistas que ecoam ideias xenofóbicas e contrárias à presença de imigrantes de fora da comunidade europeia.
Em ao menos cinco países da União Europeia houve o crescimento da representação de extremistas da direita nas eleições do último fim de semana: França, Itália, Áustria, Hungría e Bélgica.
No caso da França, com a derrota para os extremistas o presidente, Emmanuel Macron, dissolveu o parlamento e convocou eleições. Na Alemanha, o partido de ultradireita AfD passou a ser a segunda força no Congresso alemão.
Justiça social é debatida em Genebra
Em Genebra, o presidente participa nesta quinta (13) do Fórum Inaugural da Coalizão para Justiça Social. O evento trata do enfrentamento das desigualdades sociais, da concretização de direitos trabalhistas integrados a direitos humanos, da expansão da capacidade e acesso aos meios produtivos e da promoção do trabalho digno.
O fórum é iniciativa do diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Gilbert Houngbo, ao lado de quem Lula vai exercer a co-presidência da coalizão. Em briefing à imprensa na segunda (10), no Palácio Itamaraty, o embaixador Carlos Márcio Cozendey, secretário de Assuntos Multilaterais Políticos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), relatou detalhes da agenda.
"Os países vão apresentar iniciativas, projetos e ações em torno desses temas. Depois da abertura vão ser realizados três painéis: Construir a resiliência das sociedades, Melhoria da coerência de políticas econômicas e sociais e Promoção do diálogo social para a prosperidade", afirmou o embaixador.
Presença no G7, a convite de Meloni
A convite da primeira-ministra, Giorgia Meloni —também uma liderança de extremista— o presidente Lula visita a Itália, onde participa da Cúpula do G7.
É a oitava vez que o presidente brasileiro é convidado a participar do segmento externo do grupo. Às 13h do dia 14, Lula será recepcionado e fará um discurso na sessão substantiva do bloco.
A sessão será das 14h às 17h30, e os temas serão: inteligência artificial, energia, África e Mediterrâneo. O papa Francisco participará da sessão e será o orador inicial de Inteligência Artificial e Energia. O presidente da União Africana, Ould Ghazouani, será o orador inicial sobre África e Mediterrâneo.
"Eu diria que um eixo norteador provável da fala do presidente Lula durante o discurso no dia 14 é como esses temas se relacionam com a Presidência brasileira do G20, como o lançamento da Aliança Global Contra a Fome, por exemplo. O presidente fará uma apresentação dos objetivos brasileiros ligados à economia digital, transição energética e promoção da paz", disse o embaixador Maurício Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do MRE.
Lyrio pontou que o Brasil compartilha valores que congregam os países do G7, como o fortalecimento da democracia, a modernização econômica e a proteção do meio ambiente e dos direitos humanos.
Bilateralidade
Ao fim do encontro, os líderes seguem para reuniões bilaterais. Encontros de Lula foram confirmados com o papa Francisco, com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Deverão estar presentes na Cúpula do G7 líderes de África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Índia, Mauritânia (na condição de presidente de turno da União Africana), Nigéria, Quênia, Tunísia e Turquia.
Também dirigentes dos seguintes organismos internacionais: Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Sobre o G7
O G7 foi criado em 1975, por iniciativa do presidente francês Valéry Giscard d’Estaing, com o objetivo de reunir os países mais industrializados do mundo à época para tratar de questões de política econômica de interesse comum.
Atualmente, os países-membros são: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Em termos econômicos, o G7 hoje já não abrange as sete maiores economias do mundo.
De acordo com dados do FMI em 2023, China e Índia são, respectivamente, a segunda e a quinta maiores economias do mundo em PIB nominal.