A Polícia Federal do Brasil e o Ministério Público do Rio de Janeiro prenderam, na noite desta quarta (28), um homem suspeito de ter sido o encarregado de sumir com o carro usado no assassinato da vereadora Marielle Franco, há quase seis anos.
Era março de 2018, Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, retornavam de um compromisso da vereadora e passaram pelo Estácio, bairro na região central do Rio. Por volta das 21h, 13 tiros foram disparados contra o veículo —quatro atingiram Marielle e outros três acertaram Anderson. Ambos morreram no local.
O Ministério Público fluminense afirma que o dono de um ferro-velho preso nesta quarta recebeu o carro e procedeu com o desmanche do veículo. Segundo o portal G1, o homem detido é Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha.
Edilson foi preso em Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A ordem de prisão, determinada pela 3ª Câmara Criminal da Capital, do Tribunal de Justiça estadual, veio após denúncia do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.
A denúncia afirma que, em 16 de março, dois dias após os assassinatos de Marielle e Anderson, o réu pela morte da vereadora —o ex-policial militar Ronnie Lessa—, e o também ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que participou do crime, entregaram o carro a Edilson Barbosa numa praça na zona norte da cidade.
Um quarto envolvido, Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, intermediou o encontro, de acordo com os promotores do Gaeco. Maxwell também está preso, após ser delatado por Élcio Vieira de Queiroz.
Promessa de resolução
A prisão de Edilson Barbosa, dono do ferro-velho, é um avanço no caso, mas não responde à principal pergunta sobre o crime: quem ordenou que a vereadora fosse morta? O fato de ainda não se ter um mandante acusado do crime, quase seis anos depois, é uma chaga para o Brasil.
Ao ser eleito, em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu que o crime seria solucionado. Antes de ir para o Supremo Tribunal Federal, indicado por Lula, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou em dezembro do ano passado que o assassinato de Marielle seria integralmente solucionado.
"Eu quero reiterar e cravar. Não tenham dúvida: o caso Marielle em breve será integralmente elucidado", disse Dino durante a cerimônia em que se despediu do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Meses antes, em julho, Dino havia declarado que era "indiscutível" que milícias estavam ligadas ao assassinato da vereadora. Ao passar o bastão da Justiça para Ricardo Lewandowski, no fim de janeiro último, Dino voltou a comentar o caso, sem no entanto definir quando a investigação terá um ponto final.
"Faço questão de mencionar que essa investigação [do caso Marielle] não está separada em um conjunto de outras providências no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro, e outros estados, mas menciono o Rio, é marcado hoje pela existência de um bloco criminoso, de um ecossistema criminoso. Quando você investiga um caso, você está investigando outros 10, outros 20, outros 30 ao mesmo tempo”, frisou Dino.
Mesmo sem estipular um prazo, o então ministro da Justiça reafirmou que a apuração estava próxima do fim.
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