O papa Francisco defendeu que, diante da crise migratória global, leis mais restritivas ou a militarização das fronteiras são inúteis e disse que rejeitar os migrantes “é um pecado grave”.
Durante a catequese da audiência geral de quarta (27), Francisco citou os migrantes e as atuais rotas migratórias, afirmando que para muitas pessoas os deslocamentos são mortais.
O papa também lembrou que o mar Mediterrâneo virou um cemitério, e disse que os mortos poderiam ter sido salvos.
“É preciso dizer claramente: há quem trabalhe sistematicamente por todos os meios para repelir os migrantes. E isso, quando feito de forma consciente e responsável, é um pecado grave”, afirmou.
Na avaliação de Francisco, também desertos viraram cemitérios de migrantes e o pontífice acrescentou que não se tratam de mortes naturais.
“Não. Por vezes são levados para o deserto e abandonados lá”, afirmou.
“Na era dos satélites e dos drones, há homens, mulheres e crianças migrantes que ninguém quer ver. Só Deus os vê e ouve o seu grito”, disse, recordando a terrível fotografia de Fati e Marie, mãe e filha, de 30 e 6 anos, respectivamente, abandonadas no deserto da Tunísia e encontradas mortas.
Leis restritivas não são solução, diz papa
Nas palavras do papa Francisco, os migrantes não deveriam nunca estar nos mares e desertos, chamados por ele de mortíferos. Ele também defendeu que não é através de leis mais restritivas, militarização das fronteiras e rejeição que será possível acabar com estes casos.
O papa apelou à expansão de rotas de acesso seguras e legais para os migrantes, facilitando o refúgio para aqueles que fogem da guerra, da violência, da perseguição e de várias calamidades.
“Conseguiremos isto promovendo por todos os meios uma governança global da migração baseada na justiça, fraternidade e solidariedade. E unindo forças para combater o tráfico de seres humanos, a fim de travar os traficantes criminosos que lucram impiedosamente com a miséria dos outros”, acrescentou.
Francisco também elogiou “os esforços de tantos bons samaritanos, que fazem o seu melhor para resgatar e salvar migrantes feridos e abandonados nas rotas da esperança desesperada, nos cinco continentes”, como as ONG de salvamento no Mediterrâneo, citando a organização italiana Mediterranea.
“Estes homens e mulheres corajosos são o sinal de uma humanidade que não se deixa contagiar pela cultura perversa da indiferença e do descarte”, elogiou.
Ele também perguntou aos fiéis se eles também rezam pelos migrantes e pediu a união de esforços “para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e de fraternidade”.
Com a Agência Lusa