O primeiro-ministro cabo-verdiano disse nesta sexta (2) que a entrada do arquipélago no Acelerador Global das Nações Unidas sobre o Trabalho e Proteção Social, com apoio de Portugal, é uma das vias para encontrar soluções para as migrações.
"Nós estamos aqui para mostrar que é possível, um país da União Europeia, um país africano, em termos de dimensões, também ditos pequenos, mas que fazem acontecer coisas grandes. Seguramente, nós estaremos na linha da frente na Cimeira Social de 2025", disse Ulisses Correia e Silva, em Praia, capital de Cabo Verde, na cerimónia de anúncio oficial da adesão do país à iniciativa.
A jornalistas, o chefe do governo disse que Cabo Verde tem uma "abordagem global para o mundo", entendendo que "é preciso encontrar soluções" para o problema das migrações.
"Quando falamos em migrações, estamos a falar também de pessoas em países em conflitos, em situação de guerras, pessoas que fogem da pobreza extrema, aventuram-se nos mares, muita gente também a se aproveitar desta atividade para fazer negócios. Há uma frente que tem que ser cada vez mais unida para procuramos soluções", acrescentou.
E disse que uma dessas soluções é fazer com que as migrações sejam "organizadas e estruturadas", em que as pessoas tenham proteção de direitos laborais, qualificação, segurança social, assistência médica e medicamentosa e remuneração idêntica para a mesma função.
O que é a iniciativa
A iniciativa global é coordenada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e tem como objetivo fomentar a recuperação do emprego e a criação de, no mínimo, 400 milhões de empregos dignos a nível global e expandir a proteção social.
Cabo Verde e Portugal subscreveram há 10 dias uma candidatura às Nações Unidas para, no âmbito deste programa acelerador, apoiar um projeto de formação profissional, numa iniciativa orçada em quatro milhões de euros, a dois anos, para abranger 2 000 pessoas.
Além desse apoio técnico e financeiro de Portugal, Cabo Verde pode ainda candidatar-se a um fundo global dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que este ano abre uma janela especial para emprego decente e proteção social.
Para a coordenadora residente das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Sousa, o arquipélago já entra "um pouco mais à frente" porque já conta com essa "aliança" com Portugal na formação profissional e mobilidade laboral com direitos protegidos.
Ao intervir na cerimónia por videoconferência, a ministra do Trabalho de Portugal, Ana Mendes Godinho, disse que a candidatura conjunta com Cabo Verde mostra a "verdadeira cooperação", capaz de "criar soluções" que coloquem as pessoas "no centro das políticas públicas".
"Temos duas hipóteses sempre de resposta: inação ou acelerar. E acho que é exatamente isso que os aceleradores pretendem mostrar, que, através de projetos concretos, conseguimos fazer a diferença", salientou a governante portuguesa, que em janeiro esteve em Cabo Verde a inaugurar uma residência estudantil, uma "ação concreta" do acelerador.
Com esta iniciativa, Ana Mendes Godinho entendeu que Portugal e Cabo Verde estão a dar um "passo histórico", mas também um "exemplo para o mundo" de como as relações Norte-Sul "podem ser diferentes".
Com informações da Agência Lusa