Um produtor de sonhos

Higor Cerqueira vive no Norte de Portugal desde que chegou ao país, em 2016. Na região, ele estudou, investiu em projetos digitais, abriu uma startup, por meio da qual produz eventos e conteúdo audiovisual. Recentemente, ele deu mais um passo em direção à expansão de seus projetos: fundou uma escola profissionalizante, com o objetivo de formar seus conterrâneos na difícil jornada em um novo país. Se às vezes o caminho é pedregoso para quem tem uma formação sólida, imagina para os que chegam ainda perdidos. Com 29 anos, ele emprega doze pessoas. E, diz Higor, é só o começo. “A responsabilidade cresce à medida que cresce a empresa”, ele diz, contando uma das suas estratégias: “O que temos feito hoje é recorrer também a fundos da União Europeia. Somente no último mês conseguimos um edital de 13 mil euros para contratação de profissionais. Ao todo, já conseguimos mais de 30 mil euros em apoios do governo para a contratação de mão de obra qualificada. Eu estou estudando muito o tema e ensinando também a outros empreendedores brasileiros a captar esses fundos e tornar seus projetos mais sólidos”, diz.

A ambição do jovem não surgiu ao chegar a Portugal. Ao contrário, sua mudança para cá é fruto de um projeto que nasceu ainda em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a quase 8 mil quilômetros de Vila Nova de Gaia, onde mora e trabalha atualmente. A gênese do sonho de mudar de país e se tornar um empreendedor surgiu quando o então estudante foi orientado por uma professora da sua graduação a se inscrever numa faculdade portuguesa. Higor costuma dizer que foi escolhido por Portugal ao passar neste processo seletivo e não ele que escolheu o país. Sua mãe concorda, acrescentando que sua dedicação aos estudos demonstrava desde cedo que ele iria longe —não apenas no sentido literal: “Ele sempre foi muito dedicado aos estudos. Era travesso, mas gostava muito da escola.” Segundo Andrea Cerqueira, Higor chegava a chorar nos fins de semana porque não tinha aula. Outro talento demonstrado pelo rapaz ainda criança era o da comunicação. “Ele teria que trabalhar com microfone, porque adorava entrevistar as pessoas.” E trabalha. A sua mãe não sabia naquele momento, mas o futuro viria provar a vocação do filho: educação e comunicação.