Pessoas observam o incêndio em Silvares, no concelho do Fundão, Castelo Branco. Crédito: Miguel Pereira da Silva, Lusa

Pessoas observam o incêndio em Silvares, no concelho do Fundão, Castelo Branco. Crédito: Miguel Pereira da Silva, Lusa

Brasil e Portugal sofrem com incêndios que devastam regiões

Deste lado do Atlântico, o governo português pediu ajuda a países da Europa para combater os focos de incêndio

17/09/2024 às 11:01 | 3 min de leitura
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Brasil e Portugal estão unidos na tragédia dos incêndios que devastam regiões dos dois países nesta segunda quinzena de setembro. 

Do lado de cá do Atlântico, um brasileiro morreu nos incêndios florestais que atingem o norte português. O homem era funcionário de uma empresa e morreu ao tentar voltar para o local de trabalho para retirar equipamentos. 

O corpo de Carlos Eduardo foi encontrado nesta segunda, em Aveiro. 

MAIS: Incêndios em Portugal: as orientações gerais e como se proteger da fumaça

Carlos Eduardo, brasileiro morto pelo fogo em Aveiro. Crédito: Reprodução, Instagram

Em Portugal, cinco mil pessoas trabalham no combate às chamas que avançam sobre as casas. O governo português pediu ajuda a países da Europa para combater os focos de incêndio e espera pela chegada de aeronaves da França e da Espanha.

O engenheiro informático Daniel Simões, de 28 anos, mora no centro de Aveiro, e afirmou à BRASIL JÁ que os primeiros indícios de fogo surgiram na noite de domingo (15). 

Vista da casa de Daniel Simões. Crédito: Arquivo Pessoal

"Estava no sofá com a minha namorada e comecei a sentir um cheiro muito forte a queimado, na altura até pensei que fosse algum incêndio urbano num prédio aqui ao lado. Vim à janela e lembro-me de ter visto uma fagulha a cair do céu, ainda a brilhar num laranja, já um pouco fusco", contou.  

Simões afirmou que buscou notícias sobre o fogo e viu que o incêndio podia ter iniciado no Sever do Vouga ou em Oliveira de Azeméis. O casal foi dormir e acordou com um cenário desolador. 

"Quando acordei e fui à varanda, deparei-me com o cenário que se pode ver nas fotos. Uma vista completamente surreal, nunca tinha visto algo parecido. Comecei a ouvir relatos de conhecidos de pequenos focos de incêndio que tinham surgido mais para a zona de casa dos meus pais e fui de imediato para lá regar o jardim e vegetação por precaução."  

Fuligem dos incêndios caiu sobre terraços. Crédito: Arquivo Pessoal

Mortos e dezenas de feridos

Em balanço divulgado nesta terça (17), a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil portuguesa disse que a maioria dos feridos, quarenta pessoas, eram bombeiros que estavam no trabalho de combate as chamas. 

Outras vítimas são civis que sofreram queimaduras ou sofreram com a inalação de fumos e intoxicação, além de, até a noite desta quarta (17), quatro mortos —o brasileiro Carlos Eduardo entre eles.

Pelo menos 27 incêndios continuavam ativos em Portugal durante a madrugada desta quarta. A Proteção Civil estima que ardem pelo menos 10 mil hectares na área metropolitana do Porto e na região de Aveiro. 

As chamas chegaram de forma significativa aos distritos do Porto, em Gondomar, de Braga, em Cabeceiras de Basto, de Viseu, em Penalva do Castelo e Nelas, e de Castelo Branco, em Louriçal do Campo. 

O distrito de Aveiro foi o centro dos maiores focos de incêndio, principalmente em Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda.

O governo estendeu até quinta (19) a situação de alerta devido ao risco de incêndios e previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipe para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, com sede em Aveiro. 

No Brasil 

Parte do Brasil também está sofrendo com os incêndios. No centro-oeste, lugares turísticos como Chapada dos Guimarães e a dos Veadeiros no Brasil pegam fogo e, por isso, foram fechadas. A situação prejudica comunidades locais que vivem do turismo.

O cenário é desolador: muita fumaça, parques fechados, animais mortos e dificuldade para respirar. Assim tem sido o relato de pessoas que estão nas regiões atingidas pelas chamas.

Desde o início de agosto, quando as queimadas na região do cerrado se intensificaram, diversos passeios foram cancelados e as paisagens mudaram completamente. 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, informou que foram registrados 36 290 hectares de áreas queimadas em todo o município da Chapada dos Guimarães, sendo 3 807 na região de proteção ambiental.

As queimadas que devastam parte das regiões brasileiras são alavancadas pela seca histórica que atinge o país. No entanto, em muitos casos, o início do fogo tem sido provocado de forma criminosa, dizem especialistas. 

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