Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de inauguração da linha de produção do caça Gripen e visita à linha de produção da Embraer (Arquivo). Crédito: Ricardo Stuckert, PR
Comércio de alta tecnologia entre Brasil e Portugal cresce
Diretor do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços indica reposicionamento da indústria brasileira no mercado europeu
O comércio bilateral entre Brasil e Portugal atingiu um novo patamar em 2024. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil indicam que as trocas comerciais superaram os efeitos da pandemia e passam por uma transformação estrutural.
Há mais produtos industrializados e de alta tecnologia na pauta exportadora brasileira, representando 887 milhões dólares em negócios.
Nesse cenário, a indústria aeronáutica se destaca. Nas vendas brasileiras para Portugal, peças e equipamentos aeronáuticos fecharam o ano com alta de 24,6%. O fluxo comercial entre Brasil e Portugal total foi de 4,6 bilhões de dólares.
Assim, o ano se consolidou com aumento recorde de exportações brasileiras de produtos com mais tecnologia.
O vice-presidente acrescentou que quando as empresas exportam mais, elas também investem mais e ampliam a contratação de mão de obra no país.
Esse resultado da balança comercial vem na esteira da presença da Embraer em Portugal. No ano passado, a empresa brasileira anunciou um investimento de mais 90 milhões de euros para triplicar faturamento da Ogma, empresa que parte (65%) pertence ao Brasil e parte (35%) é de Portugal.
Os recursos, segundo a Embraer, serão aplicados na linha de montagem de aviões Super Tucano, aeronaves que segundo informou o comunicado da companhia, vão atender às exigências da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan.
Além disso, Portugal comprou nove cargueiros militares KC-390.
De acordo com Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatística e Estudos do Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, o resultado de 4,6 bilhões de dólares em 2024 foi o dobro do registrado em 2019, antes da pandemia.
Brandão ressaltou que esse foi o terceiro maior fluxo comercial entre os dois países. Na análise dele, isso demonstra não apenas a recuperação econômica do país, mas também um reposicionamento da indústria brasileira no mercado europeu.
Na comparação com 2023, o fluxo de Comércio caiu 2,1%; e as exportações, registraram queda de 8,1%, ao mesmo tempo em que as importações aumentaram 19,1%.
O Brasil continua a ter saldo positivo nas trocas com Portugal e 2024 fechou com superávit de 2,1 bilhões. Isso fez com que Portugal chegassse ao posto de 38º parceiro comercial do Brasil. No entanto, para o diretor do Ministério do Desenvolvimento, o que importa é a tendência de alta do comércio bilateral.
Petróleo predominante, mas há mudanças no horizonte
Ainda sobre as exportações Brasil-Portugal, o petróleo segue predominante, representando 65% dos envios a Portugal. Mesmo assim, já se nota o crescimento de produtos industrializados e, portanto, uma mudança na dinâmica comercial.
Além da alta tecnologia, outros segmentos registraram forte crescimento, como a madeira trabalhada (91,6%), o café (73,5%), as frutas (18%) e o papel e cartão (16,4%).
Segundo Brandão, o setor de alta tecnologia foi o que mais cresceu dentro da indústria de transformação, registrando um aumento de 11% no volume exportado.
Trata-se de um avanço que, para ele, "reflete o fortalecimento da indústria brasileira e a crescente integração às cadeias produtivas europeias", principalmente no setor aeronáutico.
A cooperação entre empresas portuguesas e a Embraer, disse o diretor, desempenhou um papel fundamental nesse crescimento, demonstrando como a inovação e o desenvolvimento industrial têm impulsionado o comércio bilateral.
O que se interpreta no ministério é que essa diversificação demonstra uma maior sofisticação da pauta exportadora brasileira, além de um alinhamento com as demandas do mercado europeu.
O Brasil está ampliando sua participação com bens industrializados e agregando mais valor à sua pauta de exportações, o que fortalece nossa posição no mercado global.
Em relação às importações, o diretor adianta que o Brasil também tem levado mais bens portugueses, o que reforça a interdependência entre os dois países. O azeite continua sendo o principal produto importado, representando 37% do total das compras brasileiras.
O faturamento sobre o produto cresceu 30%, impulsionado pela valorização do azeite no mercado internacional, embora o volume físico tenha registrado uma leve queda de 1,1%.
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