O papa Francisco criticou as deportações em massa de migrantes nos Estados Unidos, considerando que a expulsão de pessoas apenas pelo seu estatuto legal é "um atentado à sua dignidade". Em carta enviada aos bispos norte-americanos, o pontífice manifestou preocupação com o impacto da medida e reforçou seu compromisso com a defesa dos migrantes.
O chefe da Igreja Católica afirmou que compreende o direito das nações de garantir a segurança das suas comunidades e combater a criminalidade.
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No entanto, disse que "expulsar pessoas que, em muitos casos, deixaram a sua terra por razões de extrema pobreza, insegurança, exploração, perseguição ou grave deterioração do ambiente, prejudica a dignidade de muitos homens e mulheres, e de famílias inteiras, colocando-os num estado de particular vulnerabilidade".
Francisco reforçou a importância de os governos agirem dentro de suas capacidades para acolher, proteger, promover e integrar aqueles que buscam refúgio.
Ele mencionou histórias bíblicas de migração, como a da povo de Israel e de Jesus Cristo, para reforçar o direito das pessoas a buscar segurança em outras terras.
Bispos e entidades reforçam críticas
Os bispos norte-americanos, que já haviam se posicionado contra as deportações em massa, receberam a carta do papa como um reforço às suas preocupações.
Eles afirmam que as expulsões impactam especialmente os mais vulneráveis, separando famílias e colocando em risco a vida de muitos migrantes. Francisco também rejeitou a associação entre imigração irregular e criminalidade.
A consciência corretamente formada não pode deixar de fazer um juízo crítico e exprimir o seu desacordo com qualquer medida que, tácita ou explicitamente, identifique o estatuto ilegal de alguns migrantes com a criminalidade. Uma coisa é desenvolver uma política para regular a migração legalmente, outra é expulsar pessoas puramente com base no seu estatuto ilegal.
O pontífice também fez um alerta sobre as consequências dessas políticas: "O que se constrói com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de cada ser humano, começa mal e acabará mal".
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Desde a posse de Trump, em 20 de janeiro, a Casa Branca informou que mais de oito mil pessoas foram detidas em operações de imigração. Algumas já foram deportadas, outras permanecem em prisões federais e algumas estão detidas na Base Naval da Baía de Guantánamo, em Cuba.
*Com informações da Lusa