Indígenas visitam manto devolvido. Crédito: Lucas Landau, Ministério dos Povos Indígenas

Indígenas visitam manto devolvido. Crédito: Lucas Landau, Ministério dos Povos Indígenas

Deputadas brasileiras reivindicam que museus europeus devolvam mantos indígenas

Mapeamento divulgado por parlamentares aponta que há ao menos dez objetos em instituições da Europa

13/09/2024 às 09:59 | 2 min de leitura | Direitos Humanos
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A devolução de dez mantos tumpinambás espalhados por museus da Europa é o que estão reivindicando as deputadas federais do Brasil Erika Hilton e Célia Xakriabá, ambas do Psol. 

As parlamentares lembraram que os artefatos são importantes peças sagradas e, portanto, deveriam compor o acervo cultural brasileiro. 

"Trazer de volta todos esses utensílios para o Brasil é reparação histórica aos povos indígenas. Desde a invasão do Brasil, diversas peças foram levadas e os povos indígenas têm relação da memória e do próprio território", afirmou Xakriabá, a primeira parlamentar indígena eleita por Minas Gerais.

Segundo mapeamento divulgado pelas deputadas, a divisão de mantos tupinambás por instituições europeias está assim:

- Cinco mantos no Nationalmuseet, em Copenhague, Dinamarca; 

- Um manto no Museu Quai Branly, em Paris, França; 

- Um manto no Basel Museum of Cultures, em Basileia, Suíça; 

- Um manto no Musées Royaux d'Art et d'Histoire, em Bruxelas, Bélgica; 

- Um manto na Pinacoteca Ambrosiana, em Milão, Itália; 

- Um manto no Museo di Antropologia e Etnologia di Firenze, em Florença, Itália.

Portanto, são ao menos dez mantos espalhados por museus da Europa que são reivindicados pelas parlamentares. 

Devolução e história

Fora os dez mantos antes mencionados, um objeto foi devolvido e, na quinta (12), passou a fazer parte do acervo do Museu Nacional, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A peça foi entregue pelo Museu Nacional da Dinamarca, que ainda mantém outros cinco mantos.

"Este manto e os outros que ainda continuam nos museus europeus são carregados de espiritualidade e ancestralidade, pertencem ao povo Tupinambá, que foi dizimado durante a invasão do Brasil", acrescentou Xakriabá, durante a cerimônia no museu no Rio.

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Deputada Célia Xakriabá. Crédito: Divulgação

Também lembrou a deputada que o manto devolvido, confeccionados por indígenas do povo tupinambá, foi retirado do país durante o período colonial. Os objetos, afirmou Xakriabá, têm um profundo significado para esses povos e simbolizam também a resistência e identidade cultural dessas comunidades.

"Na época [da colonização], havia cerca de um milhão de tupinambás. Trazer de volta este manto sagrado, usado por líderes religiosos, é restaurar sua importância espiritual", acrescentou a parlamentar mineira.  

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O principal objetivo do requerimento das parlamentares é que os mantos em museus europeus voltem ao Brasil e lá sejam preservados. As solicitações foram feitas diretamente às instituições, com pedido para que se iniciem negociações com o governo brasileiro.

"Essa ação vai ao encontro do atual debate internacional sobre a restituição de artefatos culturais e históricos retirados de colônias por países exploradores", disse a deputada Erika Hilton, parlamentar eleita por São Paulo.

Manto tupinambá devolvido e, agora, exposto no Museu Nacional. Crédito: Lucas Landau, Ministério dos Povos Indígenas

Sobre o manto devolvido

Sagrado para o povo tupinambá, o manto oficialmente devolvido na quinta estava no museu de Copenhague, na Dinamarca, há mais de três séculos. 

O manto é feito de penas vermelhas de guará costuradas em uma malha por meio de uma técnica ancestral dos tupinambás.

O objeto mede cerca de 1,80 metro e tem oitenta centímetros de largura.

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