A devolução de dez mantos tumpinambás espalhados por museus da Europa é o que estão reivindicando as deputadas federais do Brasil Erika Hilton e Célia Xakriabá, ambas do Psol.
As parlamentares lembraram que os artefatos são importantes peças sagradas e, portanto, deveriam compor o acervo cultural brasileiro.
"Trazer de volta todos esses utensílios para o Brasil é reparação histórica aos povos indígenas. Desde a invasão do Brasil, diversas peças foram levadas e os povos indígenas têm relação da memória e do próprio território", afirmou Xakriabá, a primeira parlamentar indígena eleita por Minas Gerais.
Segundo mapeamento divulgado pelas deputadas, a divisão de mantos tupinambás por instituições europeias está assim:
- Cinco mantos no Nationalmuseet, em Copenhague, Dinamarca;
- Um manto no Museu Quai Branly, em Paris, França;
- Um manto no Basel Museum of Cultures, em Basileia, Suíça;
- Um manto no Musées Royaux d'Art et d'Histoire, em Bruxelas, Bélgica;
- Um manto na Pinacoteca Ambrosiana, em Milão, Itália;
- Um manto no Museo di Antropologia e Etnologia di Firenze, em Florença, Itália.
Portanto, são ao menos dez mantos espalhados por museus da Europa que são reivindicados pelas parlamentares.
Devolução e história
Fora os dez mantos antes mencionados, um objeto foi devolvido e, na quinta (12), passou a fazer parte do acervo do Museu Nacional, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. A peça foi entregue pelo Museu Nacional da Dinamarca, que ainda mantém outros cinco mantos.
"Este manto e os outros que ainda continuam nos museus europeus são carregados de espiritualidade e ancestralidade, pertencem ao povo Tupinambá, que foi dizimado durante a invasão do Brasil", acrescentou Xakriabá, durante a cerimônia no museu no Rio.
Também lembrou a deputada que o manto devolvido, confeccionados por indígenas do povo tupinambá, foi retirado do país durante o período colonial. Os objetos, afirmou Xakriabá, têm um profundo significado para esses povos e simbolizam também a resistência e identidade cultural dessas comunidades.
"Na época [da colonização], havia cerca de um milhão de tupinambás. Trazer de volta este manto sagrado, usado por líderes religiosos, é restaurar sua importância espiritual", acrescentou a parlamentar mineira.
O principal objetivo do requerimento das parlamentares é que os mantos em museus europeus voltem ao Brasil e lá sejam preservados. As solicitações foram feitas diretamente às instituições, com pedido para que se iniciem negociações com o governo brasileiro.
"Essa ação vai ao encontro do atual debate internacional sobre a restituição de artefatos culturais e históricos retirados de colônias por países exploradores", disse a deputada Erika Hilton, parlamentar eleita por São Paulo.
Sagrado para o povo tupinambá, o manto oficialmente devolvido na quinta estava no museu de Copenhague, na Dinamarca, há mais de três séculos.
O manto é feito de penas vermelhas de guará costuradas em uma malha por meio de uma técnica ancestral dos tupinambás.
O objeto mede cerca de 1,80 metro e tem oitenta centímetros de largura.
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