O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirma em artigo publicado nesta quarta (6) no jornal espanhol El País ser "preocupante" o aumento da extrema direita e de suas "tradicionais ferramentas de desagregação social".
Lula menciona riscos, por exemplo, de escalada do autoritarismo, do negacionismo climático, da xenofobia, do discurso de ódio, do racismo e da misoginia.
Antes de ir mais a fundo na análise sobre o avanço da intolerância e do ódio, Lula citou os gastos da chamada indústria da guerra, dizendo que "a paz continua a ser privilégio de alguns" enquanto o mundo gasta 2,2 trilhões de dólares por ano em armamentos.
O presidente também lembrou que milhões de pessoas não têm o que comer e que, no planeta, segue prevalecendo um modelo econômico excludente, que "concentrou renda e ampliou" a desigualdade.
Já sobre a geopolítica, o presidente disse que a democracia —ao falhar em garantir o bem-estar do povo— acaba propiciando a proliferação de "figuras que vendem soluções simplistas para problemas complexos, semeando a desconfiança no processo eleitoral e nas instituições políticas".
"Enfrentamos um preocupante aumento da extrema direita e de suas tradicionais ferramentas de desagregação social: o autoritarismo, a violência, a precarização do trabalho, o negacionismo climático, o discurso de ódio, a xenofobia, o racismo e a misoginia", disse Lula.
O presidente, entretanto, fez uma ressalva se referindo a Espanha e Brasil, ao recuperar como foram os resultados das eleições nos dois países.
No ano passado, o presidente espanhol, Pedro Sánchez, do Partido Socialista Obreiro (PSOE), conseguiu maioria no Parlamento para seguir à frente do Governo. Sánchez venceu uma aliança que se desenhava entre o partido de direita PP e o de extrema direita, VOX.
Em 2022, Lula foi eleito presidente da República, derrotando o então presidente e candidato de extrema direita Jair Bolsonaro.
"Nossas sociedades, felizmente, apostaram em governos que acreditam que a chave para responder aos ataques à democracia é melhorar a vida das pessoas", afirmou Lula no artigo publicado hoje.
Tratando da relação entre ambas nações, Lula diz que —poucas vezes na história— o apoio entre forças progressistas do mundo foram tão necessários e urgentes.
"É nossa responsabilidade trabalhar juntos para que a indiferença não prevaleça sobre o humanismo e para que as injustiças que se espalham dentro dos países e entre eles deem lugar à solidariedade e à cooperação."
Leia a íntegra do artigo, em português.