
Retratos de africanos em convívio cobrem as paredes da sala de exposições do Padrão dos Descobrimentos. Crédito: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA
Exposição sobre diáspora africana em Portugal desafia arquivos oficiais
Mostra fotográfica vai ser aberta neste sábado (27), no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa
Será inaugurada neste sábado (27), no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, uma exposição que reúne fotografias da diáspora africana em Portugal desde 1975. A exposição pretende "contrariar o peso dos arquivos oficiais e a narrativa do período colonial".
O espaço não foi escolhido por acaso, disseram à Agência Lusa as duas curadoras da mostra "Álbuns de Família, fotografias da diáspora africana na Grande Lisboa (1975-hoje).
Durante a visita à exposição de jornalistas, Filipa Lowndes Vicente e Inocência Mata defenderam a importância da iniciativa para "dar voz à comunidade africana" em Portugal.
"O nosso objetivo é tornar visíveis as pessoas desse segmento da sociedade portuguesa, sempre visto como estrangeiro e imigrante, mas cuja grande parte já nasceu em Portugal ou vive aqui há mais de cinquenta anos, e faz parte da nação portuguesa", disse a investigadora Inocência Mata.
A exposição temporária reúne “álbuns de família” com as imagens que os portugueses afrodescendentes e os africanos residentes registraram de si próprios e das suas comunidades desde 1975, data das independências dos países africanos de colonização portuguesa.
As curadoras consideraram que "seria uma forma de tornar visíveis estes rostos que têm contribuído para criar Portugal desde o 25 de Abril", disse a professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa na área de Literaturas, Artes e Culturas, doutorada em Estudos Pós-coloniais pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos.
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Duas razões foram muito fortes para criar esta mostra, disse: "Comemoram-se os cinquenta anos do 25 de Abril e este é o último ano da Década Internacional dos Afrodescendentes [2015-2024], instituída pelas Nações Unidas para promover as ideias de reconhecimento, justiça e desenvolvimento. Contudo, têm sido realizadas poucas iniciativas neste âmbito em Portugal, portanto teve pouca visibilidade", lamentou a pesquisadora.
Para a exposição, as curadoras desafiaram nove artistas afrodescendentes e africanos com relações familiares e profissionais com Portugal a trabalharem a ideia de "Álbuns de Família", desde cantores, artistas plásticos, escritores e fotógrafos.