Capas da revista impressa BRASIL JÁ são pensadas detalhadamente entre conteúdo editorial e arte

Capas da revista impressa BRASIL JÁ são pensadas detalhadamente entre conteúdo editorial e arte

Ilustrações, cores e traços: construção visual da BRASIL JÁ é um presente ao leitor

Dos desenhos à tipografia, saiba como o design transformador reinventa a leitura impressa e digital da nossa revista

11/05/2024 às 07:31 | 6 min de leitura
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Somam algumas dezenas as distinções que o jornalista e artista André Hippertt recebeu ao longo de quarenta anos de profissão. Foram cinco prêmios Esso (o mais importante reconhecimento do jornalismo brasileiro) e quarenta premiações da Society For News Design. 

Ele carrega em seu currículo a identidade visual de jornais como O Dia, Meia Hora e Brasil Econômico —uma versão brasileira do português Diário Econômico, já extinta. Na lista, poderá agora incluir a BRASIL JÁ, em que assina o projeto gráfico e a edição de arte.

De Niterói, onde mora, no Rio de Janeiro, ele explica que a mudança nos hábitos de leitura e de consumo de informação faz com que a versão impressa seja um presente, algo a mais que o veículo de comunicação dá ao leitor:

“Você pega a revista, folheia, vê as imagens no papel. A internet e as plataformas digitais de leitura dão ao impresso uma dimensão diferente do que já foi um dia. É preciso mais apuração, mais atenção aos detalhes, mais cuidado com o texto e com a apresentação. Mais do que isso: a gente tem de transmitir ao leitor o carinho com que foi feito e o 'estado de arte' da edição. Foi isso o que me moveu na criação do projeto.”

Hippertt começou no jornalismo produzindo justamente arte, nas ilustrações e charges do Jornal do Brasil de 1984, tempo áureo da publicação. De lá para cá, muita coisa mudou na maneira como se faz arte para publicações impressas.

Mesmo as publicações mudaram. Os jornais ganharam cor, ampliaram as fotos e diminuíram seus textos; as revistas ficaram mais ágeis, menores, mais finas e, no papel, menos lidas.

“Cheguei na época em que o trabalho era todo manual. Minha geração fez a transição do papel para o digital. Ter aprendido a fazer as coisas na mão é um diferencial”, conta Hippertt, que agora coloca toda a sua trajetória, sua habilidade e seu talento excepcional a serviço da BRASIL JÁ, na qual diz poder fazer algo que gosta muito: dialogar com o editorial:

“A capa, as imagens, as reportagens, os desenhos precisam contar uma história coerente, que só é possível se houver troca com o editorial, de onde resulta o casamento de linguagens que incluem design, texto e imagens. A gente trabalha em dupla: a arte segue o editorial e o editorial segue a arte”.

Ao ouvir a proposta do diretor de informação, Nonato Viegas, que também é o editor-chefe da revista, Hippertt afirma ter pensado numa abordagem clean e elegante, mantendo uma estética moderna, mas que ao mesmo tempo remetesse aos tempos da “era de ouro” das revistas, entre as décadas de 1940 e 1960.

Para traduzir essa visão em arte, a revista tem predominantemente as cores preto e branco, com toques de vermelho para adicionar destaque e modernidade. Essa escolha quer criar uma experiência visual atraente que ressoe com a essência de seu conteúdo.

O processo de seleção de elementos visuais também levou em conta o logotipo da revista, verde e amarelo, remetendo à bandeira do Brasil, e o vermelho da bandeira de Portugal.

“A gente queria elementos claros, que o texto flutuasse, com espaços em branco”, explica Hippertt, apontando para uma abordagem minimalista e moderna. 

Tipografia e cores da revista são um charme pensado com detalhes. Crédito: BRASIL JÁ

Na escolha das fontes, foram dias de dedicação até bater o martelo. Segundo o artista, foi feita uma busca minuciosa por uma tipografia elegante, optando pelo uso de fontes serifadas (com pequenos traços e prolongamentos no fim das hastes das letras) e sem serifa, que juntas criariam uma estética nostálgica e ao mesmo tempo moderna. 

Tudo isso pensado em conjunto da necessária compatibilidade dos programas utilizados no impresso e no digital, de modo a unificar a linguagem visual em toda a revista.

Outra preocupação foi a de que o conteúdo não fosse menosprezado com o excesso de elementos gráficos. De acordo com Hippertt, o design não pode esconder o conteúdo da revista, o importante é valorizar o posicionamento da publicação: 

“A gente tem que se manter dentro dos limites, não pode exacerbar. A revista tem que ser direta, simples, com alguns elementos gráficos. Ela, basicamente, dá ênfase à reportagem”.

“A ideia básica era fazer uma revista de qualidade, que falasse com o brasileiro que mora no exterior, mas que alcançasse também os nativos e outras comunidades. A gente tinha que levar em consideração que é uma revista multicultural, que fala para várias pessoas. A gente quer dar visibilidade à diversidade cultural dos falantes de língua portuguesa”, afirma Hippertt, acrescentando que a BRASIL JÁ se propõe a refletir sobre as questões globais, denunciando as adversidades e as injustiças do mundo.

Ele acredita que todos esses aspectos foram cuidadosamente considerados no seu processo de desenho. “É uma revista que eu gosto. Mesmo se eu não estivesse trabalhando nela, eu estaria lendo”, explica, destacando o apreço pessoal pela proposta editorial.

Detalhes que fazem a diferença. Crédito: BRASIL JÁ

Também é de Hippertt, no papel de ilustrador, a responsabilidade pelas capas da revista, feitas a partir de uma reunião com o editor-chefe sobre o conceito geral da edição. Segundo ele, as ilustrações ajudam a consolidar a identidade da publicação.

Hippertt diz que, num cenário onde capas ilustradas são raras, as ilustrações desempenham um papel crucial ao agregar valor estético e expressivo à revista.

“A ilustração te remete à era de ouro. Se você entrar numa banca hoje em dia, é muito difícil ver uma capa ilustrada, porque é complicada e difícil
de fazer”, diz, enfatizando a singularidade das ilustrações na brasil já em meio a um mercado editorial dominado por fotografias.

Sendo assim, ainda fica o desafio de criar ilustrações originais para oferecer algo novo aos leitores, já que os desenhos são fundamentais para complementar o conteúdo editorial, fornecendo metáforas visuais que enriquecem a experiência de leitura — a exemplo das que foram publicadas.

“A ilustração é fundamental porque remete ao que tem o texto. Metáforas não são fáceis de criar com fotos, já a ilustração nos permite dar voz às nossas subjetividades”, conclui.

O nosso site

O cuidado e a busca pelo melhor produto não são diferentes entre os que trabalham nas plataformas digitais, como o site, brasilja.pt. Não se trata apenas
da expansão digital da marca, mas de um produto novo, no qual se mantém os princípios editoriais e gráficos que norteiam todo o projeto.

O programador Ygor Combi e o engenheiro de software Jhonatan David foram os principais responsáveis pelo seu desenvolvimento. Ao discutir a concepção inicial do site, a equipe definiu que seu escopo consistia em criar um portal de notícias para a comunidade brasileira em Portugal.

Em seguida, antes mesmo de iniciar o trabalho, a dupla fez um mapeamento das etapas necessárias. Segundo Ygor, partiu-se do objetivo de construir um sistema estável:

“O portal de notícias é o que a gente chama de CMS (do inglês Content Management System ou Sistema de Gestão de Conteúdo), que é onde o usuário [o jornalista] pode mexer, fazer postagens e editar. Por ser um projeto grande, a gente entendeu que precisava ser robusto”.

O programador disse que o principal objetivo é garantir que o site seja intuitivo para os jornalistas que trabalham nele, dando agilidade à edição de texto e imagens para a posterior publicação da notícia. “Os principais objetivos eram deixar ágil e fácil para o jornalista mexer”, afirma Ygor.

Seu trabalho, muito próximo a Hippert, garantiu que os padrões de design estivessem alinhados com a identidade visual da revista impressa. A página inicial do site foi estrategicamente pensada com base no leitor.

“Nós quisemos garantir que o público entendesse o conceito da revista e achasse as informações”, explica Ygor, que é programador front-end e quem cuida da parte visual, ou seja, tudo que o usuário consegue ver e interagir em uma página.

Já Jhonatan diz que o site é um trabalho contínuo, sempre em atualização: “Vamos adicionando novas funcionalidades e garantindo uma experiência cada vez melhor para os usuários, sejam os jornalistas, sejam os leitores”.

Assim como Hippertt, a dupla de desenvolvedores também se sente orgulhosa do trabalho entregue. “No início a gente não fazia ideia da grandiosidade do projeto. Foi dando um friozinho na barriga para tentar errar o menos possível. Foi um desafio incrível. Espero que a gente possa ir mais longe”, finaliza o engenheiro de software.

O designer André Hippertt, o programador Ygor Combi, o engenheiro de software Jhonatan David e Nicolás Satriano, editor do site. Crédito: Arquivo Pessoal

Jornalismo no papel e no digital

Com abordagem centrada no usuário e atenção meticulosa aos detalhes, a equipe de desenvolvimento conseguiu criar um site que atende às necessidades da comunidade brasileira em Portugal e proporciona uma experiência de alta qualidade para os usuários, consolidando a presença digital da revista BRASIL JÁ. É o que explica Nicolás Satriano, editor do site:

“A nossa ideia é manter o DNA de revista mesmo no site. A gente pensa e vai mais profundo nas pautas, como é próprio das revistas, valorizando o novo, a apuração própria, a contextualização, o aprofundamento das ideias. Acredito muito que a qualidade é reconhecida pelos leitores”.

Para Nicolás, a apuração, o contato com fontes e a busca pelo novo são os três principais eixos da boa prática do jornalismo. Com vasta experiência em hard news (modelo de jornalismo factual, diário e ágil), o editor se vê, agora, com o desafio de colocar seus principais atributos em prática numa nova linguagem.

“Para mim foi e tem sido um desafio a forma de entregar o conteúdo com outra abordagem, diversificar o que oferecemos para que as pessoas se interessem mais”, afirma. Desafio que tem dado certo e dialoga com todas as páginas do periódico, com uma estrutura sem poluição visual.

“Queríamos uma estrutura bastante limpa, que entregasse conteúdo de forma clara para os leitores. Além disso, por ser uma revista, também precisávamos oferecer parte do conteúdo fechado apenas para assinantes”, explica o jornalista: “Tentamos implementar um pouco de cada coisa, unindo o mundo da revista com um site que entregue conteúdo de forma diversificada”.

Com um design que combina funcionalidade, estética e identidade visual marcante, a BRASIL JÁ proporciona ao leitor produto de alta qualidade, consolidando-se como referência para o imigrante de língua portuguesa.

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