Assinatura de protocolo de migração laboral regulada aconteceu no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. Crédito: José Sena Goulão/Lusa

Assinatura de protocolo de migração laboral regulada aconteceu no Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. Crédito: José Sena Goulão/Lusa

Os detalhes do plano para contratar estrangeiros

Novo mecanismo de contratação direta no exterior quer reforçar a migração regular em Portugal —mas há críticas

02/04/2025 às 10:44 | 2 min de leitura | Dia a Dia
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O governo em funções do primeiro-ministro, Luís Montenegro, oficializou um plano para regular e acelerar a migração laboral em Portugal. Nesta terça (1º), no Palácio das Necessidades, em Lisboa, foi assinado um acordo entre o Estado e confederações patronais e empresariais. 

O acordo busca facilitar a contratação de trabalhadores no exterior através da rede consular portuguesa. No entanto, a BRASIL JÁ apurou durante o evento que há descrença e buracos na proposta.

MAIS: Os buracos no pacote para acelerar a contratação de imigrantes 

A medida surge num contexto de transformação na política migratória do país. No ano passado, foi extinta a manifestação de interesse, um mecanismo que permitia a regularização de imigrantes que já estivessem no país.

Embora o protocolo tenha sido apresentado como uma forma de combater a imigração irregular, a proposta também gerou debates sobre os impactos na mão de obra e preocupações quanto à precarização das condições de trabalho e os desafios para a integração dos migrantes.

Montenegro afirmou durante o evento que a assinatura do acordo não representa uma "via verde" para a imigração e sim uma solução para a carência de profissionais em vários setores da economia portuguesa —a Via Verde equivale em Portugal ao sistema Sem Parar no Brasil, quando nos pedágios não é necessário fazer o pagamento manual para passar pela cancela.  

"O protocolo não é uma autorização indiscriminada para imigração. Ele responde à necessidade urgente de trabalhadores em áreas como a construção civil, agricultura e outros setores chave da nossa economia", afirmou Montenegro.

Para o governo, a medida vai no sentido de preencher vagas que não conseguem ser ocupadas pela população local, um argumento reforçado pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro ao criticar o anterior governo reivindicando que o atual Executivo tenta organizar a política migratória.

Risco de precarização

A ausência de uma estratégia clara para a integração dos migrantes que chegam ao país gerou controvérsias. O protocolo estabelece um processo em cinco etapas, com a participação de entidades como a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e a Aima

No texto, é exigido, por exemplo, que as empresas contratem, no mínimo, 150 trabalhadores e ofereçam condições dignas de trabalho, como contratos de trabalho formais e seguros de saúde e viagem. 

A União Geral de Trabalhadores foi uma das principais vozes críticas ao expressar preocupações sobre a precarização das condições de trabalho. 

A central sindical afirmou à CNN Portugal que o protocolo poderia contribuir para uma desregulação laboral, criando um ambiente propício à exploração de trabalhadores migrantes. 

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“O protocolo parece apontar no sentido de uma desregulação das condições de trabalho e poderá, em última instância, contribuir para a criação de novas desigualdades e de novos focos de exclusão dos trabalhadores migrantes”, afirmou a União Geral de Trabalhadores.

Editor de texto e de página: Nicolás Satriano

Imagens: Gonçalo Borges Dias, GPM

Editor de conteúdo: Flávio Oliveira

Editor-chefe: Nonato Viegas

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