Homem ergue cartaz com a inscrição 'Justiça pelo Ademir'. Crédito: Arquivo Pessoal

Homem ergue cartaz com a inscrição 'Justiça pelo Ademir'. Crédito: Arquivo Pessoal

Suspeito de matar cabo-verdiano no Faial é preso

Na terça (19), comunidade africana na ilha organizou uma vigília para cobrar justiça por Ademir Moreno

20/03/2024 às 18:14 | 2 min de leitura
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O autor da agressão que levou à morte do cabo-verdiano Ademir Moreno, de 49 anos, na Ilha do Faial, Açores, foi preso nesta quarta (20) pela Polícia Judiciária. Em comunicado, a corporação informou que o "alegado homicida" tem 23 anos e será apresentado às autoridades judiciárias.

O crime gerou uma mobilização na terça (19) para além da comunidade africana em Horta, município do Faial.

Quase duas centenas de pessoas se reuniram para uma vigília pela morte Ademir Moreno. O grupo cobrou ação das autoridades portuguesas e justiça para a vítima, que morreu após levar um soco no rosto do lado de fora de uma discoteca da cidade. 

A manifestação ocorreu por volta das 18h, em frente à Câmara Municipal da Horta. Ademir Moreno morreu no último domingo, após ser agredido pelo jovem que, segundo testemunhas, é conhecido dos moradores da ilha por ter um histórico violento. 

Outros relatos indicam que o crime também envolveu racismo, com insultos proferidos contra Ademir antes do soco. Sob condição de anonimato, uma pessoa afirmou à BRASIL JÁ que existe um grupo que faz contínuas ofensas racistas contra moradores da comunidade africana no Faial.  

A vígilia de terça, segundo comunicado divulgado à imprensa, foi organizada por pessoas incoformadas com o ataque e que presenciaram o crime na noite de domingo. Participaram do ato pessoas de várias nacionalidades. 

Os organizadores disseram estar “profundamente sentidos com o recente incidente e consideram que este ato de violência, ocorrido em plena Ilha do Faial, nos Açores, é um lembrete doloroso dos desafios persistentes que enfrentamos em relação ao racismo e à xenofobia”. 

Durante o protesto, muitos fizeram declarações em primeira pessoa relatando situações de assédio verbal e físico de ordem racista que têm sentido ao longo dos anos.

Repúdio

A Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA) divulgou uma nota de repúdio sobre o caso —leia abaixo.

"Tendo tomado conhecimento da brutal agressão, ocorrida na madrugada do dia 16 de março (sábado), que levou à morte de um cidadão imigrante de nacionalidade cabo-verdiana, residente na ilha do Faial, a Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA) vem, por esta via, repudiar atos de violência verbal e física contra qualquer ser humano, independentemente de se tratar de um imigrante ou autóctone. 

A AIPA insta as autoridades judiciais a desencadearem todos os esforços no sentido de apurarem as devidas responsabilidades e sancionar, com base na Lei da República Portuguesa, os culpados desse ato bárbaro. Numa semana em que se assinala o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, somos firmes na condenação de qualquer manifestação que propague ódio, xenofobia ou racismo e crie na sociedade um clima de medo e de perseguição contra os cidadãos.

 Aos familiares e amigos/as da vítima, a AIPA presta as sentidas condolências neste momento de enorme sofrimento."

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