Estreia de Paloma em Lisboa. Crédito: Jordan Alves, BRASIL JÁ

Estreia de Paloma em Lisboa. Crédito: Jordan Alves, BRASIL JÁ

Véu, grinalda e política na estreia de 'Paloma'

Ascensão da extrema direita foi pauta de conversa após exibição do filme em Lisboa

15/03/2024 às 14:56 | 2 min de leitura
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"Paloma", filme do diretor Marcelo Gomes, estreou em Portugal quatro dias após as eleições legislativas. E a ascensão da extrema direita no país acabou sendo um dos temas abordados na conversa pós-exibição da obra no Cinema City Alvalade, em Lisboa, na noite de quinta (14).

"Nós lutamos pelos direitos das nossas crianças que serão adultas. Após o resultado das eleições no último domingo, alguns pais me relataram que tiveram seus filhos a perguntarem: 'como será agora?' Eu disse que agora ninguém solta a mão de ninguém", afirmou António Vale, presidente da Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Gênero (Amplos), durante a conversa. 

A fala de António Vale se referiu ao resultado das eleições legislativas portuguesa, nas quais o partido de extrema direita Chega quadruplicou a bancada na Assembleia da República, elegendo 48 deputados dos 230 parlamentares que compõem a Casa. 

Essa escalada do partido extremista de uma legislação para a outra —de doze para 48 deputados— acende o alerta de organizações mobilizadas por direitos de minorias, como é o caso da Amplos.

REPORTAGEM: Chega testa democracia portuguesa

Formada por mães, pais e familiares de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e trans, a organização não governamental apoia famílias com filhos entre cinco e cinquenta anos. O objetivo da ONG é lutar por respeito e combater as formas de discriminação que tenham que ver com a orientação sexual e a identidade de gênero. 

Sobre o filme

O roteiro de "Paloma", baseado numa história real, conta o sonho de Paloma, uma mulher trans que quer casar na igreja católica na cidade brasileira de Saloá, em Pernambuco, Nordeste. A personagem vive todos os dilemas que esse sonho pode ter dentro de uma sociedade excludente.  

A artista Aurora Katana também falou sobre o filme: 

Cena de Paloma. Crédito: Divulgação

"Nós mulheres trans nunca somos representadas e eu me sinto grata por estar viva, assistindo a essa mana [Kika Sena, protagonista do filme]. Mas a minha perspectiva é de uma mulher trans branca e europeia, que nunca viveu e nem vai viver essa realidade",  disse Aurora, falando sobre as dificuldades enfrentadas pela protagonista, que vive no agreste brasileiro. 

Para celebrar o sonho de Paloma, o público presente recebeu véu e grinalda na entrada da sessão. Paloma está em cartaz nos cinemas portugueses e, no Brasil, o público pode conferir através da plataforma Globoplay.

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