Presidente Lula na recepção aos brasileiros e familiares: mulheres, crianças e idosos tiveram prioridade na primeira lista. Crédito: Ricardo Stuckert, PR

Presidente Lula na recepção aos brasileiros e familiares: mulheres, crianças e idosos tiveram prioridade na primeira lista. Crédito: Ricardo Stuckert, PR

Bombardeios no Líbano: Brasil quer repatriar quinhentas pessoas por semana

Nesta segunda (7), o mesmo avião usado para trazer os primeiros repatriados no domingo (6) retornará a Lisboa, de onde depois partirá para o Líbano

07/10/2024 às 08:36 | 3 min de leitura
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Esperança e alívio: duas palavras que resumem a chegada de brasileiros que estavam no Líbano, país alvo de bombardeios de Israel. “Parece que saí do inferno e entrei no paraíso”, afirmou Salim Calaun, um dos 229 passageiros resgatados no primeiro voo da operação federal. Na chegada neste domingo (6), houve a recepção dos brasileiros pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Base Aérea de São Paulo.

E mais voos estão previstos. A expectativa do governo brasileiro é de levar ao menos quinhentas pessoas por semana do Líbano para o Brasil. Nesta segunda (7), o mesmo avião usado para trazer os primeiros repatriados retornará a Lisboa, de onde depois partirá para o Líbano (mais detalhes mais abaixo).  

“Espero que vocês encontrem no Brasil a felicidade que tiraram de vocês com esse bombardeio. E que a gente possa reconstruir a nossa vida em paz aqui no Brasil. O Brasil tem por volta de oito ou nove milhões de árabes e descendentes, a maioria libaneses”, afirmou Lula.

À imprensa e aos presentes, o presidente também transmitiu uma mensagem de paz, afirmando que “a guerra só destrói”. O cônsul-geral do Líbano em São Paulo, Rudy El Azzi agradeceu a ação brasileira e todo o apoio brasileiro dado ao país. 

“Em nome do povo do Líbano, da comunidade libanesa no Brasil, quero agradecer o presidente Lula e o governo brasileiro. Precisamos do apoio do Brasil e do mundo. Dizem que o Brasil é gigante pela própria natureza. É gigante também pelo coração e acolhimento”, afirmou o cônsul-geral.

Mais brasileiros serão resgatados

Na recepção dos brasileiros em São Paulo, o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, afirmou que a segunda missão para trazer mais brasileiros começou já no domingo. 

“Essa aeronave [o KC-30 da FAB] agora decola de volta para Lisboa, trocando a tripulação, para que amanhã [esta segunda (7)] possamos fazer o mesmo circuito e possamos, em 48 horas, trazer mais 230 pessoas. Temos de tentar colocar aqui na base aérea de São Paulo cerca de quinhentas pessoas por semana”, afirmou o militar.

A comunidade brasileira no Líbano tem cerca de vinte mil pessoas, e, segundo informou o governo, três mil manifestaram interesse em ir para o Brasil. 

Repatriados no Aeroporto de Guarulhos. Crédito: Jéssica Gomes, Secom, PR

Os primeiros a desembarcar

A esposa e as duas filhas de Abdalah Fares foram os primeiros a desembarcar. Bandeira do Líbano na mão e camisa com as bandeiras do Líbano e do Brasil, as três protagonizaram o momento simbólico de amizade entre as nações e foram abraçadas por Abdalah, que esperava ao pé da escada. 

“Queria agradecer mais uma vez ao governo por trazer minha família de volta ao Brasil sãos e salvos”, declarou Abdalah. 

“Estou muito triste pelas pessoas que ainda estão no Líbano, que ainda não foram resgatadas”, completou Lara Fares, 13 anos. “As escolas estão ocupadas, muita gente deslocada nessa guerra, gente que não tem nada a ver com o Hezbollah, acrescentou o pai.

Sobre dor e alívio 

Casada com um libanês, Sandra Joane Maffei, 59 anos, estava no Líbano desde março com o marido e o filho, e se disse aliviada na chegada. 

“É a maior alegria do mundo, porque viver em um país em guerra, que a gente não pode sair, que a qualquer momento é bombardeado um carro, um prédio perto de onde a gente morava, é terrível, né? A gente não dorme. Tem barulho todas as noites, de avião, bomba, estremece a janela. É uma felicidade [retornar ao Brasil]”, afirmou. 

A tradutora Nessryn Khalaf, de 28 anos, desembarcou em Guarulhos ao lado da mãe, da irmã e de sua gata, Lili, um dos três pets trazidos neste primeiro voo. “Essa era a nossa única esperança, porque a gente não tinha como sair do Líbano. Eu sou muito grata ao governo e ao fato de o presidente realmente ver o que está acontecendo no Líbano", detalhou. 

Segundo Khalaf, há brasileiras que seguem no Líbano e estão em situação de rua, algumas grávidas e/ou com crianças pequenas. 

“Para o Brasil viemos só eu, minha mãe e minha irmã. O meu pai teve que ficar porque ele cuida da minha avó que é doente. Seria impossível, porque ela já está no hospital, não anda mais, e teria que ser evacuada com ambulância, né? E isso é impossível no momento”, lamentou.

Com informações do Palácio do Planalto

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