Patrimônio do samba e um dos maiores intérpretes da Sapucaí, Neguinho da Beija-Flor, aos 75 anos, anunciou que 2025 será seu último ano à frente do carro de som da Deusa da Passarela.
A despedida do artista, que marcou gerações no Carnaval carioca, vai coincidir com uma homenagem especial ao lendário diretor de carnaval Laíla, que morreu em 2021.
A Beija-Flor, escola que consagrou Neguinho e se tornou a terceira maior campeã do Carnaval carioca, levará a memória de Laíla para a Avenida num desfile que promete ser histórico.
“É um ciclo que se fecha, mas a carreira continua. O samba nunca vai sair de mim”, afirmou Neguinho em entrevista exclusiva à BRASIL JÁ.
Neguinho, que estreou na Beija-Flor em 1976, fez história com sua voz inconfundível, interpretando sambas-enredo que ecoaram por décadas, como o icônico “A Deusa da Passarela”. Apesar da despedida do Carnaval carioca, ele garantiu que o samba ainda será a sua essência.
No horizonte, Portugal
Após 50 anos ininterruptos no comando do carro de som da Beija-Flor, Neguinho mira novos desafios fora do Brasil. Ele planeja abrir uma casa de espetáculos na cidade do Porto, em Portugal, dedicada exclusivamente ao samba e à música brasileira.
“Quero levar o samba para o mundo, fazer o português conhecer ainda mais a riqueza da nossa cultura”, disse. Além disso, Neguinho se prepara para gravar um disco em parceria com Xande de Pilares, outro ícone do samba e intérprete do Salgueiro.
“É uma celebração da nossa amizade e do samba. Xande é um irmão de vida”, disse ele sobre o projeto.
Mas o samba na Europa não ficará restrito apenas aos palcos. Neguinho confirmou que estará presente no carnaval de Sesimbra, cidade portuguesa que mantém uma forte tradição carnavalesca. Ele promete levar para as ruas lusitanas a mesma energia que encantou milhões na Sapucaí.
Do Rio ao Porto: um legado de samba
A notícia da aposentadoria de Neguinho marca o fim de uma era para o Carnaval carioca. Com sua despedida, o Rio de Janeiro perde uma de suas vozes mais marcantes, mas Portugal ganha um embaixador da cultura brasileira.
“A Beija-Flor é minha casa, sempre será, mas quero mostrar que o samba é universal, é ponte entre culturas”, afirmou.
Enquanto o dia da despedida não chega, os fãs ainda terão a oportunidade de ver Neguinho na Avenida, encerrando sua trajetória com a emoção e a maestria que o tornaram um dos maiores intérpretes da história do samba.
“Cantar para o público é meu maior presente, e quero que 2025 seja inesquecível, tanto para mim quanto para os apaixonados pelo Carnaval”, completou.
Com o coração dividido entre o Rio e o Porto, Neguinho da Beija-Flor segue firme em sua missão de espalhar o samba pelo mundo, provando que, mesmo longe da Sapucaí, ele continuará a ser a voz do carnaval.