A edição 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (Sofi 2024), divulgada nesta quarta (24), no Rio de Janeiro, mostra que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023. Ou seja, há menos brasileiros passando fome.
Em números absolutos, 14,7 milhões deixaram de passar fome no país. A insegurança alimentar severa, que afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, caiu para 2,5 milhões. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população.
“Os dados das Nações Unidas indicam que estamos no caminho certo. Em apenas um ano de governo, reduzimos a insegurança alimentar severa em 85%. Tiramos 14,7 milhões de brasileiros e brasileiras dessa condição”, afirmou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
Segundo a metodologia da FAO, a insegurança alimentar severa é quando a pessoa está sem acesso a alimentos e passa um dia inteiro ou mais sem comer.
Representa a fome concreta que, se mantida regularmente, leva a prejuízos graves à saúde física e mental, sobretudo na primeira infância, no desenvolvimento e na formação cognitiva.
Resultados do Mapa da Fome
O relatório produzido conjuntamente por agências da ONU como FAO, Fida, Unicef, PMA e OMS atualiza anualmente o chamado “Mapa da Fome”, como o documento é mais conhecido no Brasil.
O lançamento ocorre no mesmo dia da Reunião Ministerial da Força Tarefa do G20 para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. O combate à fome é justamente uma das metas do governo brasileiro enquanto exercer a presidência do G20.
O relatório Sofi destaca avanços importantes no combate à fome no Brasil. Mostra que a insegurança alimentar severa caiu de 8,5%, no triênio 2020-2022, para 6,6%, no período 2021-2023, o que corresponde a uma redução de 18,3 milhões para 14,3 milhões de brasileiros nesse grau de insegurança alimentar.
Em números absolutos, quatro milhões saíram da insegurança alimentar severa na comparação entre os dois períodos de três anos.
No entanto, como o indicador da FAO é uma média trienal, ele não permite ver claramente o impacto de 2023 na trajetória de superação da fome no país, já que, no seu resultado, ainda pesam dados de 2021 e 2022.
O Brasil tinha saído do “Mapa da Fome” em 2014 e sustentava a posição até 2018.
Entre 2019 e até 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a pobreza, extrema pobreza e a insegurança alimentar e nutricional vinham numa crescente. O resultado foi que o Brasil voltou ao Mapa da Fome no triênio 2019-2021 e se manteve no triênio 2020-2022.
O dado individualizado para 2023 mostra que a escala da FAO, apesar de algumas diferenças em relação à usada pelo IBGE, se aproxima da redução na insegurança alimentar grave medida pela escala Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, que foi da ordem de 24 milhões de pessoas entre 2022 e 2023.