O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a usar a palavra genocídio para se referir aos bombardeios contínuos de Israel à Faixa de Gaza —conflito que começou em 7 de outubro do ano passado, quando o grupo islâmico Hamas invadiu território israelense matando civis e militares.
Segundo Lula, o “genocídio na Faixa de Gaza afeta toda a humanidade”. A Autoridade Palestina estima que cerca de trinta mil pessoas foram mortas em Gaza durante as ações do Exército israelense, iniciadas pouco depois do ataque do Hamas.
“Um genocídio na Faixa de Gaza afeta toda a humanidade, porque questiona o nosso próprio senso de humanidade”, disse o presidente brasileiro durante discurso na sessão de encerramento da 46ª Conferência da Comunidade do Caribe, em Georgetown, Guiana.
A ação, disse Lula, “confirma uma vez mais a opção preferencial pelos gastos militares, em vez de investimentos no combate à fome na Palestina, na África, na América do Sul ou no Caribe”.
Presidente da maior economia da América do Sul, Lula denunciou o fato de que “guerras provocam destruição, sofrimento e mortes, sobretudo de civis inocentes”.
“Uma guerra na distante Ucrânia afeta todo o planeta, porque encarece os preços dos alimentos e dos fertilizantes”, frisou.
'Diria a mesma coisa'
No dia anterior, em entrevista à RedeTV, Lula manteve a afirmação recente, de que o que ocorre em Israel "aconteceu quando Hitler decidiu matar os judeus". O presidente afirmou que "diria a mesma coisa".
"Eu diria a mesma coisa, porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza", porque "a gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra", frisou o presidente, acrescentando que não usou a palavra Holocausto para comentar o caso.
"Holocausto foi interpretação do primeiro-ministro de Israel", disse. "Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender, porque eu conheço o cidadão historicamente, já há algum tempo. Eu sei o que ele pensa ideologicamente."
Durante viagem à Etiópia, onde participou na Cúpula da União Africana, em meados deste mês, afirmou que "o que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus".
As declarações desencadearam uma onda de confrontos diplomáticos entre os dois países e levaram o Estado de Israel a considerar o chefe de Estado brasileiro uma persona non grata.
Em resposta, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, considerou um ultraje a medida de Israel. Como publicou a BRASIL JÁ, o presidente Lula chegou a cogitar expulsar o embaixador israelense do Brasil.
Durante a entrevista à RedeTV, Lula frisou que o Brasil e ele próprio condenaram de forma imediata "o gesto terrorista do Hamas".
"Mas eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel através do seu exército e através do seu primeiro-ministro fazendo com inocentes a mesma barbaridade", sublinhou.
O chefe de Estado brasileiro deixou, ainda, um apelo a Benjamin Netanyahu para que "pare os tiroteios, que permita a chegada de alimentos, remédios, médicos, enfermeiros para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas".
Com informações da Lusa