Marcelo D2. Crédito: Rodrigo Ladeira, Divulgação

Marcelo D2. Crédito: Rodrigo Ladeira, Divulgação

Marcelo D2: 'A milícia do Rio de Janeiro conseguiu eleger um presidente'

Marcelo D2 num papo sem filtro com a BRASIL JÁ

15/08/2024 às 08:14
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Enquanto tomava seu cafezinho no meio da calçada de uma padaria tradicional do Leblon, no Rio de Janeiro, no início de julho, Marcelo Maldonado Gomes Peixoto, mais conhecido como Marcelo D2, dedicou alguns minutos do seu dia para bater um papo sem filtro com a BRASIL JÁ. 

Na conversa por chamada de vídeo, ele contou que, ao perceber que estava “cansado de fazer música", foi buscar na ancestralidade inspiração e motivação para criar algo que “voltasse a fazer sentido”. 

Daí surgiu o álbum Iboru, um disco que trouxe o que D2 chama de “o novo samba tradicional”, uma mistura de clássicos dos tempos do Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro, com as batidas graves propostas pelos grupos de rap nos anos 1970 e que agora estão presentes em gigantes da indústria pop, como Billie Eilish e Taylor Swift. 

O batuque dos tambores também define o ritmo da poesia carregada de história, como a da perda de sua mãe, a dona Paulete Peixoto, morta em 2021, ou a da construção da cidade do Rio de Janeiro e a da formação do povo brasileiro.

O cantor aproveitou a presença em Portugal no final de julho para fazer reflexões sobre os casos de xenofobia e de discriminação contra a comunidade brasileira no país, onde afirma nunca ter sofrido racismo. “A ascensão da extrema direita e a disseminação da ideia de massacrar minorias e de faltar com a empatia com as causas [de direitos humanos] são retrocessos para a humanidade”, diz. 

Nesta entrevista, Marcelo D2 fala da decisão do Supremo Tribunal Federal de descriminalizar o porte de até quarenta gramas de maconha, o envolvimento das milícias cariocas na política brasileira e do seu encontro com o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica.

Marcelo D2.


O que é o samba do Marcelo D2?

Nesses 30 anos de cultura hip-hop, venho propondo essa junção do rap com o samba. Na verdade, o Jorge Aragão me falou que isso [o que faço] era samba. O samba lá do Cacique de Ramos, do Zeca Pagodinho e de todo mundo que passou por lá. No começo, ele [o samba] não era chamado de tradicional, mas agora é. E, talvez, [o samba] seja o que mais me inspire. 

Por isso que estou chamando o meu samba de um novo samba tradicional, pois esse ritmo faz parte dessa cidade. Claro, tem o samba da Bahia, de São Paulo, mas, com o samba carioca é possível contar a história do Rio de Janeiro.

De onde vem esse “novo samba tradicional”?

Para te falar a verdade, eu estava cansado de fazer música. O rap já não me fascinava mais. Acho que tem um pessoal novo que está fazendo coisas muito interessantes. Eu sou um cara que se preocupa muito com a personalidade da minha música. Eu tinha que achar uma coisa que fosse minha, algo novo. Vi que a saída era o samba e que o encontro com rap podia gerar outra coisa.

Eu vinha percebendo que a música pop se apropriou desse grave que o rap propôs lá nos anos 1970. Você vê cantoras como a Billie Eilish, a Taylor Swift, colocando aquele grave que o rap propôs. E, quando eu decidi fazer esse rap com samba e com esse grave, abriu uma porta. Então é um samba de colagem, como a gente faz no rap. Samba sampleando. Estou só começando, e o [álbum] Iboru é o início disso tudo.

Recentemente, eu vi uma fala sua sobre como o nascimento deste álbum tem a ver com a busca por sua ancestralidade. Nos fale um pouco mais a respeito.

Perdi a minha mãe há dois anos. Depois que ela fez a passagem, eu percebi que precisava ter uma conexão com os meus orixás de novo. Ter uma conexão com os meus antepassados, com os meus ancestrais. Fui procurar por isso e encontrei um lugar muito interessante, em que também dava para fazer samba, um samba que viesse dos tambores que tocaram a história do povo, da diáspora do povo negro que vem da África para o Brasil. 

A nossa história passa muito por esses tambores. Esse processo me ajudou muito, ao trazer a calma e a paz que eu precisava por conta dessa passagem da minha mãe. Estar com os meus ancestrais foi muito importante. Tudo isso está muito presente no disco. Eu tenho usado a metáfora do arco e flecha do [escritor, historiador e compositor] Luiz Antônio Simas: quanto mais puxa lá atrás, mais para frente vai. Eu tenho olhado para a minha vida pelo retrovisor, para a história do meu povo, do meu país, da minha filha e da minha arte. 

Quanto mais eu vou lá atrás, mais para frente vou levando a minha música
 
Falando ainda sobre o nosso povo: neste momento, a comunidade brasileira tem sido alvo de discriminação por aqui. Acha que a mensagem da sua música pode ajudar de alguma forma?


Nós estamos passando por um momento de muita intolerância no mundo. A ignorância da história e sobre o que foi feito na nossa história é um problema. Aqui, no Brasil, por exemplo, a gente tem muito dessa briga sobre cotas [raciais]. 

Parte do país é contra, mas as pessoas que não aceitam esquecem que, em algum momento, no passado, receberam cotas por meio de políticas inclusivas para os imigrantes italianos, alemães, enfim, os descendentes de europeus.

A ignorância da história de que você fala faz pensar: até que ponto ela é origem ou o resultado da ascensão da extrema direita.

A ascensão da extrema direita e a disseminação da ideia de massacrar minorias e de faltar com a empatia com as causas [de direitos humanos] são retrocessos para a humanidade. Nós estamos indo ao encontro do ódio. Imagino o quanto deve ser ruim ser maltratado fora do país, quando você sai para tentar uma vida melhor. Eu mesmo já sofri racismo em outros países.

Em Portugal?

Em Portugal, não. Mas já sofri racismo em outros países. É muito triste. Para mim, que sou apenas um passante, foi lamentável, imagina quando você mora nesse lugar e sofre esse tipo de preconceito por ser negro ou brasileiro. Acredito que a arte tem um poder muito grande sobre os pensamentos [coletivos] e [o poder de] ajudar a direcioná-los. Acho que esse é o meu papel, [é] a minha ideia de fazer música, de continuar fazendo música. 

A missão de tentar fazer um mundo melhor. A arte é para isto, para gerar pensamentos, algum tipo de conforto e, às vezes, desconforto também.

A última vez que nos falamos em Portugal, em 2019, o Brasil estava sob o governo de Jair Bolsonaro. Agora, em 2024, é Portugal e a Europa que acompanham a ascensão da extrema direita. O que está acontecendo?

Tem uma frase que eu adoro que fala que “a gente tem recursos para alimentar todos os seres humanos que estão na Terra, mas não para alimentar a ganância do homem”. A ganância do homem é gigante. Essa ganância gera desequilíbrio. A extrema direita e o fascismo atrelado a ela crescem muito nesses momentos, por exemplo, de desemprego. Desemprego que eles mesmos criam [com a ganância]. 

Eles geram um ambiente de caos para depois se aproveitarem. É meio assustador isso. Em pleno 2024, temos de novo que lidar com o fascismo, algo que a gente esperava que não aconteceria nunca mais. Mas o fascismo sempre esteve aí. Não podemos dar mole que ele sai do armário. A ideia de que essa onda está varrendo a Europa é assustadora para a gente aqui na América do Sul. Eu achei que isso tinha passado. É assustador, pois sempre tem consequências no mundo todo.

Naquele mesmo ano, você me disse que o brasileiro não tinha um pingo de consciência de classe. De lá para cá, tivemos uma pandemia, uma tentativa de golpe e o regresso de Lula à Presidência da República. Sua opinião mudou?

Não é só o Lula que vai mudar isso. Esse pensamento de que a gente vai ter um salvador [da pátria] é meio louco porque nós já pensamos isso há muitos anos no Brasil. No caso do [ex-presidente Fernando] Collor, tinha aquele discurso de que “agora é a vez do caçador de marajás”. Não era. Teve a vez em que pensamos que era o Tancredo [Neves]. Não foi. Depois o Lula, depois não sei quem. Não é isso.

E o que é, então?

Se eu fosse eleger um salvador [da pátria], eu diria que é a educação. Educação é tudo. Quando o povo tem educação, fica mais difícil cair na conversa dos charlatões, nessa coisa de que vai ter um salvador, nesse papo de que alguém vai nos salvar. Claro que foi fundamental o Lula ganhar aqui no Brasil, mas ele tem minoria [no Congresso]. A gente tem uma maioria no Congresso de extrema direita, com um pensamento de coronel, do tipo “sou dono do país”. 

Essa falta de consciência de classe vem do cara que tem vinte, 30 mil reais e acha que é rico. Ele trabalha, ganha um salário um pouco mais alto, e acredita que virou burguês. Acredita que ter uma casa própria é ser rico e ainda acha que o comunismo vai roubar a casa dele. É uma ignorância tremenda. Ele reclama da violência e não entende que ela está ligada à desigualdade social. Então, o caminho para mudar tudo isso é a educação.

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A decisão do Supremo Tribunal Federal de descriminalizar o porte de até quarenta gramas de maconha vai funcionar em um país estruturalmente racista como o Brasil?

Acho que, neste caso, nós temos a discussão da corda. Puxa a corda, estica a corda. É mais um passo nesse caminho. Porque aqui não há honestidade nesse debate, sendo todo pautado por questões morais. Ainda assim, é um avanço, é um passo em direção a um lugar mais claro. 

Você falou do racismo: essa decisão [do STF] só atinge, no bom sentido, a população negra, porque branco, playboy e rico já não eram presos com quarenta gramas de maconha nem com trinta quilos de cocaína no avião. O que estamos observando agora é uma tentativa de balancear esse racismo. O moleque preto que [agora] é pego com duas ou três “tetas” [gíria para embalagens com psicotrópico] na mão, vai poder falar: cara, você não pode me prender.

Você falou de um passo. E qual é o passo seguinte?

Começar a tirar da cadeia quem foi preso com menos de quarenta gramas de maconha. Devem ser 99% preto e favelado. Mas sabemos que a Justiça é racista e elitista. [A questão da droga] É sobre controle de território. E esses territórios são controlados pela milícia, a mesma que conseguiu eleger o [ex]presidente da República. Acho que nem a máfia italiana conseguiu isso. 

A milícia do Rio de Janeiro conseguiu eleger um presidente! Esses territórios são controlados por esses caras [da milícia], e essas regiões não vão sair da mão deles por causa da decisão do Supremo. E esses jovens vão continuar sendo atacados por essa violência. Contudo, ainda sim, mesmo com todas essas contradições, é um passo. 

Cada passo desse é uma discussão a mais. Se nós estamos falando sobre o assunto, se as pessoas estiverem em casa discutindo sobre isso em uma mesa de jantar, pode ajudar. Eu estive com o [Pepe] Mujica [ex-presidente do Uruguai] lá no Uruguai, onde fui entrevistá-lo para um projeto pessoal. Ele me falou algo sobre o assunto. Disse que isso não era sobre lei, mas sobre o povo. Quando o povo se conscientiza de que a coisa precisa mudar, ela muda.

Como aconteceu esse encontro?

Eu descobri que o segurança do Mujica era meu fã e estava em um show meu. Fui conhecê-lo e aproveitei para perguntar se ele conseguia arrumar um encontro com o Pepe. Deu certo. O Mujica mora em um sítio perto de Montevidéu. Foi sensacional. 

Convidei uns amigos uruguaios que trabalham lá com audiovisual para ajudar com as câmeras. Quando chegamos, ele estava de pé arando a terra para plantar rosas que são distribuídas às mulheres nas periferias da cidade. Ele é um cara útil. Ele é um humanista. Aprendi muito com ele.

Como o quê?

Primeira aula: ele chegou todo cheio de terra, sem dentadura, dizendo para eu esperar que ele iria se lavar, pois estava mexendo no trator ao mesmo tempo em que explicava que dar flores para as famílias mais carentes era uma forma de levantar a autoestima daquelas mulheres que trabalham fora o dia todo e que chegam em casa extremamente cansadas. Quando elas regressam, têm flores em casa.

Bonito, né? Você falou de flores e me lembrou: recentemente, estive na guerra da Ucrânia e me emocionei ao ver os trabalhadores preparando os canteiros de flores para a chegada da primavera, mesmo sob um contexto de violência brutal. São pequenas coisas, que na verdade são grandes, que fazem a diferença.

Caralho! Você esteve na Ucrânia?

Sim, mas do lado separatista, no Donbass.

Nossa, que foda! Deve ter sido uma puta experiência.

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Há pouco tempo, morreu Steve Albini, um engenheiro de som entusiasta da captação analógica, algo cada vez mais raro na música. O que você pensa a respeito: acredita que os plugins dão mais liberdade ou tornam os artistas mais reféns da tecnologia?

Eu sou um entusiasta do analógico. Acredito que ainda vale muito a pena investir nesse tipo de gravação. Na pandemia não tinha possibilidade, porque não havia equipamento em casa, e eu tive que fazer [o “Assim Tocam os Meus Tambores”, álbum produzido durante a pandemia e lançado em 2020] com o que eu tinha. O Mario Caldato Júnior, um produtor musical que trabalha comigo, talvez seja o cara com mais equipamento analógico no estúdio. 

[É] Uma casa inteira com gravadores, teclados e outras ferramentas. Ele me falou uma coisa muito interessante: não importa qual seja a ferramenta, o que importa é quem está mexendo nela. Acredito muito nisso. A música já não tem mais o mesmo valor na sociedade. A música não é mais tratada como antes. Eu amo a música, amo todos esses aspectos e as técnicas que o Steve Albini usava. Ele era um amante [da música] também.

Talvez a sociedade avance para o digital para, em seguida, voltar ao analógico. É meio cíclico, não? 

Sim, como foi com o Vinil, que basicamente morreu quinze, 20 anos atrás, e agora ressurgiu e tem um mercado enorme. A ideia da música hoje em dia tem a ver com uma conversa que tive com um amigo meu, o Roberto Frejat, do Barão Vermelho. Eu estava falando da minha visão do rap, dizendo que virou comercial demais, e ele falou que, no final, tudo vira comercial de iogurte, seja rock and roll, punk rock, samba. 

Todas essas músicas de resistência, no final, o sistema pega, mastiga, faz virar uma rebeldia iogurte e aí vira comercial para uma família de rappers, com pai, mãe e filhos segurando iogurte. É assim que o sistema se alimenta do antissistema. Acho que a música foi capturada.

Inclui nesta crítica o hip-hop ostentação, o funk ostentação?

Acho que é uma armadilha para a cultura hip hop esse lance da ostentação. Funciona muito bem nos Estados Unidos, porque lá tem essa parada do “money is power”. O dinheiro é poder e, para eles, o negro com dinheiro é um negro poderoso. E isso é uma afronta ao sistema. Mas acredito que isso é uma armadilha muito grande para os jovens negros no Brasil. O cara compra um carro de 1,5 milhão, mas ainda mora na casa da mãe. O cara vive de aluguel, mas tem um iPhone de 15 mil reais. E aí ele vai e escreve que a favela venceu. Não. Desculpa, mas a favela não venceu, porque a favela está sem água, sem educação, sem saneamento básico, sem saúde. 

A favela está lá, quem venceu foi ele, no olhar dele. Para mim isso não é vitória. Quem venceu mesmo foi o cara que produziu o carro e vendeu para ele no valor de 1,5 milhão. Foi esse cara que ganhou o dinheiro dele. Ele tá com o carro, e vai fazer o que com aquilo depois? Vai vender por 300 mil? Então, quem venceu foi o cara branco, milionário, que é dono da Lamborghini, o italiano dono da Ferrari, que estão enchendo o cu de dinheiro saído dos bolsos de um cara que acha que a vitória está no fato de ele poder comprar um carro. 

O Emicida cita uma parada muito interessante. Ele fala que é muito difícil você sair do estado de sub-humano para o estado de super-humano. Você é um neguinho de favela que começa a fazer rap e ganhar dinheiro. Você é um neguinho de favela que ninguém te olha, que ninguém te ouve. E, de repente, você vira um super-humano, todo mundo te enxerga, todas as meninas querem te dar, você fica milionário. É muito difícil estar nesse lugar com atenção aos fatos.

E, neste caso, retomado a pergunta, a arte deixa de causar alguma reflexão para anestesiar.

E acho muito triste. Eu ainda faço álbum, ainda luto para que a música seja um instrumento de transformação como arte. Ainda acredito nisso, mas eu vejo que é cada vez menos assim. Eu costumo dizer uma frase do [rapper] B.Negão: eu sou um artista underground que habita o mainstream. Eu não sou um artista do pop. 

Eu posso até ser um artista pop, mas sou mesmo um artista do underground que habita esse meio, mas eu não sou desse lugar. E para mim, isso ainda é uma luta, viver da música há 30 anos. Acredito que está tudo envolvido nesse sistema.

O que aconteceu de fato entre você e o rapper português Sam the Kid*? Você chegou a gravar uma música com ele, certo?

Eu fiz um disco no Brasil com a música “Desabafo”, e uma gravadora portuguesa queria lançar esse single em Portugal. Eu achei que seria uma ótima oportunidade de fazer um feat e me aproximar das cenas de Portugal. Sou um grande fã do [rapper] Sam The Kid. Acho que ele é um dos grandes caras da cultura hip-hop do mundo, não só de Portugal. É um cara que tem um olhar muito específico sobre o que é o hip-hop. E aí a gente gravou essa versão para sair em Portugal. 

Na época ainda era CD. E a cena portuguesa não quis produzir o CD, pois achou que era mais barato comprá-lo no Brasil para vender nas lojas portuguesas, aí não saiu essa música. Eu acho que ele ficou puto com isso. Eu fiquei surpreso, porque depois eu entendi que essa história tinha virado uma grande treta, mas eu nunca discuti com ele. Inclusive, quando eu o encontrar, gostaria até de esclarecer e saber o que aconteceu, porque, na minha visão, tudo foi um mal-entendido. 

Eu não sei se ele achou que a música que ele fez era original, talvez, mas ela já tinha sido lançada no Brasil. Faltou comunicação na verdade. Mas eu fico triste, porque eu sou muito fã do cara. Mas o que eu posso fazer é tentar esclarecer que não foi algo da minha alçada.

Que nome da música tem chamado a sua atenção em Portugal?

Eu conheço muito pouco do rap português, na verdade. O rap não tem me impressionado muito. O trap [subgênero do rap], essas coisas com autotune e tal, eu ouço muito pouco, não conheço quase nada, nem do Brasil nem de Portugal ou de lugar nenhum. Tenho pouco conhecimento sobre a música portuguesa. Mas o que eu tô ouvindo atualmente é uma coisa mais pós-punk. 

Geralmente, quando estou fazendo um trabalho, ouço algo completamente diferente. Se eu tô fazendo rap, eu ouço rock, se eu tô fazendo rock, eu ouço samba. No momento, eu tô ouvindo pós-punk de uma banda inglesa que se chama Sleaford Mods, um duo que tem poesia, uma coisa meio multiverso. É um punk bem da classe trabalhadora. Eu tô ouvindo muito nesta semana o disco novo do NxWorries [Why Lawd?], que tem o Anderson Paak com o Knxwledge. 

É uma das bandas mais legais do mundo. Também estou escutando o Curtis Harding, um cantor de soul americano, bem novo, e os clássicos como Termite, The Pioneers, Funkadelic e Não São Paulo, uma banda pós-punk paulistana dos anos 1980.

**EM 2010, MARCELO D2 E SAM THE KID, um rapper português, gravaram uma versão para a música "Desabafo". Alguns anos depois, no entanto, quando a canção foi relançada no Brasil e em Portugal, a participação do Sam the Kid não apareceu.
 

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