O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quarta (14) que apenas uma alteração das reivindicações do grupo islamita Hamas sobre uma eventual trégua em Gaza pode permitir o avanço das negociações, indicou o seu gabinete.
“Israel não recebeu no Cairo nenhuma nova proposta do Hamas sobre a libertação dos nossos reféns”, assegurou o gabinete de Netanyahu em comunicado.
O anúncio ocorreu após fontes egípcias terem confirmado à agência Efe a ausência de uma delegação israelense nas negociações, que hoje prosseguiram na capital egípcia.
“O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste que Israel não cederá às delirantes exigências do Hamas”, acrescentou a comunicação do primeiro-ministro.
Reunião fechada
Na terça (13), houve uma reunião à portas fechadas entre os chefes da CIA, da Mossad e dos serviços de informações do Qatar e do Egito. Foram diálogos que as mesmas fontes afirmaram terem sido “frutíferas” e que ocorreram de “forma positiva”.
O número de prisioneiros que o Hamas pede que sejam libertados das prisões israelenses, em princípio, mais de 1 000 detidos em troca dos 134 reféns, continua sendo um dos principais pontos de discórdia.
De acordo com a Efe, pelo menos 30 destes reféns israelitas já foram mortos desde o início das operações militares israelitas na Faixa de Gaza.
Familiares de reféns protestam
Representantes dos familiares dos sequestrados, onde se incluem civis e militares, anunciaram hoje, em comunicado, protestos na quinta (15) em frente ao Ministério da Defesa em Telaviv, ao considerarem a ausência de cooperação de Israel como uma “sentença de morte” para os seus familiares e próximos.
Na segunda (12), dois israelenses de origem argentina foram resgatados na primeira operação militar com sucesso, e que envolveu intensos bombardeios em Rafah, no sul de Gaza, que mataram cerca de 100 palestinos.
O conflito entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, começou após ataque do movimento islâmico, no dia 7 de outubro.
Naquele dia, 1 139 pessoas foram mortas, a maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelenses.
Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados. Atualmente, 134 permanecem na Faixa de Gaza, segundo o governo de Israel.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o Hamas, e bombardeia desde então a Faixa de Gaza. Segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29 000 pessoas, a maioria mulheres, crianças e adolescentes.
O número de feridos supera os 68 000, também a maioria civis. Além disso, cerca de 8 000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 7 de outubro.
A ofensiva israelense também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza.
A população da Faixa de Gaza também vive uma crise humanitária sem precedentes devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 7 de outubro, pelo menos 392 palestinos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados por Israel. Também foram registradas 6 650 detenções e mais de 3 000 feridos nesses locais.
Com a Agência Lusa