Presidente Pedro Sánchez no Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol. Crédito: Reprodução

Presidente Pedro Sánchez no Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol. Crédito: Reprodução

O 'Dia do Fico' de Pedro Sánchez

'Decidi seguir com mais força se é possível à frente da Presidência', afirmou o presidente espanhol após cogitar deixar o cargo

29/04/2024 às 12:25 | 3 min de leitura | Dia a Dia
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O presidente de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, teve o seu "Dia do Fico" nesta segunda (29). "Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! Digam ao povo que fico." Não, Sánchez não repetiu as palavras de dom Pedro, então príncipe-regente do Brasil, em 9 de janeiro de 1822. Mas foi quase. 

Há mais de dois séculos, Dom Pedro anunciou a permanência no Brasil anos depois de a família real portuguesa fugir para a ex-colônia com medo do expansionismo de Napoleão Bonaparte. O príncipe-regente decidiu que seguiria em solo brasileiro, apesar da pressão da corte para que ele voltasse a Lisboa. 

O objetivo dos parentes de dom Pedro era fazer o Brasil voltar à condição de colônia, ainda que àquela altura já fôssemos um Reino Unido a Portugal e Algarve

Com o "fico" do príncipe, não houve retrocesso e o episódio entraria para a História como um dos marcos do processo de libertação política dos brasileiros das amarras portuguesas. 

A situação de Sánchez também envolve um drama familiar —e nisto se esgotam os paralelos entre os casos. 

Tempo para refletir

Na semana passada, o presidente espanhol cancelou compromissos públicos e divulgou uma carta afirmando que meditaria sobre a permanência na chefia do Executivo espanhol. "Seguirei trabalhando, mas cancelarei minha agenda pública para refletir e decidir que caminho seguir", afirmou.  

O comunicado foi divulgado no mesmo dia em que um tribunal de Madrid confirmou ter aberto um inquérito preliminar por tráfico de influência e corrupção supostamente praticados pela esposa de Sánchez, Begoña Gomez. 

A investigação foi motivada por denúncia de uma organização chamada Mãos Limpas, ligada à extrema direita espanhola. Dias depois do inquérito ser instaurado, a entidade afirmou ter montado a acusação com base em reportagens —uma delas já se demonstrou que se trata de desinformação. 

Ao ser confrontada com a possibilidade de as notícias serem mentiras, a Mãos Limpas saiu pela tangente, afirmando que a responsabilidade seria atribuída aos veículos que publicaram as reportagens. De qualquer modo, não parece que a denúncia vai avançar. 

O Ministério Público já pediu o arquivamento do inquérito por entender que não há indícios de crimes para abrir um procedimento penal contra Begoña Gomez. Fato é que Sánchez, com o anúncio de possível saída do governo, deu uma das suas já notórias cartadas em momentos complicados. 

Na "carta à cidadania", como batizou o documento, o presidente afirmou que o ataque (contra a sua esposa) não tinha precedentes e que, portanto, ele precisava parar para, junto de Begoña, refletir. 

 

Apoio e decisão de ficar

Na sequência, Sánchez recebeu suporte e pedidos para que ele continuasse na Presidência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos que manifestou apoio ao aliado. 

Lula publicou no X (ex-Twitter) ter conversado com Sánchez para expressar solidariedade, e elogiou o homólogo pelo papel e liderança na Europa. 

As manifestações a favor de Pedro Sánchez parecem ter surtido efeito porque, nesta segunda, ele fez novo anuncio afirmando que fica na Presidência. "Decidi seguir com mais força se é possível à frente da Presidência do Governo da Espanha", declarou. 

 

No Palácio da Moncloa, sede do governo espanhol, Sánchez veio a público afirmar que assumia o compromisso de trabalhar sem descanso, com firmeza e com generosidade pela regeneração pendente da nossa democracia, e pelo avanço e consolidação dos direitos e liberdades".  

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