Ana Durães em seu ateliê na Serra Fluminense, no Rio de Janeiro - Crédito: Márcia Prates

Ana Durães em seu ateliê na Serra Fluminense, no Rio de Janeiro - Crédito: Márcia Prates

Os planos da artista brasileira Ana Durães: 'Seguir o curso do rio (Tejo), na calma lisboeta'

Artista visual vive entre Lisboa e o Rio de Janeiro, e estreia no sábado (18) nova exposição em São Paulo

15/01/2025 às 04:30 | 3 min de leitura | Cultura, Diversão e Arte
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As afinidades entre Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e Lisboa vão além da beleza natural e arquitetura neoclássica. A proximidade também inclui a arte visual pelo olhar da brasileira Ana Durães

Ela, que vive entre a capital portuguesa e seu ateliê na Serra fluminense, está se preparando para passar mais uma temporada vivendo deste lado do Atlântico. 

Inspirada pelas paisagens em Portugal, Ana contou à BRASIL JÁ que abraça as influências daqui para mudar o colorido de seus traços. Mineira de Diamantina, a artista vive entre ambos países para constantemente oxigenar a arte que cria. 

E o ano de 2025 começou com Ana pisando no acelerador para lançar uma exposição em São Paulo, com uma década de intervalo. Depois, a artista vai para Atenas, na Grécia, e, na sequência, pousa em Lisboa para mais uma temporada de criação. 

As obras de Ana Durães são encontradas em diversos acervos no Brasil e no exterior. Ao apresentar à reportagem suas novas obras, Ana descreveu o quadro como o seu jardim, em que mistura flores, cores e, como ela diz, "imagens imaginárias, quase abstratas".

"Acaba por tornar-se um jardim das delicadezas, próprio da liberdade com que registro meu mundo. Essas flores que apresento agora, inéditas, trabalhadas nos últimos três anos, na verdade moram em mim há 62 anos. Elas são alegorias da minha natureza, onde transmuto dor em amor até tornar-se alegria” 

Umas das telas que compõe "A natureza que me habita", exposta em São Paulo - Crédito: Divulgação

“A natureza que me habita”, da artista, chega no sábado (18) na galeria Contempo, na capital paulista, e fica até dia 3 de fevereiro. 

Na BRASIL JÁ, quisemos saber mais sobre o traço marcante do trabalho e o cotidiano da artista, além dessa divisão entre Brasil e Portugal.

Confira a conversa com Ana Durães:

Qual a sua conexão com Lisboa? 

Eu sempre tive uma conexão afetiva com Lisboa. Nasci numa cidade barroca mineira e desde a primeira vez em que estive em Portugal, fui tomada por memórias ancestrais, minha infância... Era como chegar em minha pequena cidade de forma ampliada. 

Lisboa se tornou para mim uma "Diamantinona" (risos) 

O que Lisboa influencia na sua arte? 

A luz de Lisboa me inspira. Acho que os meus azuis foram transformados. Tento buscar os azuis do céu de Lisboa

O seu trabalho tem muitas cores e presença da natureza, claro. Qual é a sua relação com a natureza? 

É vivenciar o Brasil profundo. Meu ateliê no Brasil é na Serra Fluminense, em meio à Mata Atlântica. A exuberância da vegetação é arrebatadora. Então, caminho pelo meu jardim e vou observando as flores, os pequenos e grandes detalhes, e misturo tudo, de forma desordenada, intuitiva. Não pretendo reproduzir exatamente a natureza, mas como eu a vejo.

Conte-nos um pouco do que o público vai conferir nessa exposição. 

Nesta exposição, estão trabalhos em grandes formatos, resultado da minha imersão no campo. Quando estou no Brasil, fico muito focada em produzir. Trabalho muito. Por vezes, me levanto às cinco horas da manhã e vou até a luz natural ir embora. 

Desde a pandemia, onde mergulhei funda no meu entorno, no meu próprio mundo, no meu jardim, venho desenvolvendo estes trabalhos. Nesta mostra estará o resultado dos dois últimos anos de trabalho. 

A artista visual, Ana Durães. Crédito: Divulgação

Após São Paulo, quais são os seus planos para 2025? Algum inclui Portugal? 

Depois de São Paulo, em fevereiro, faço uma exposição em Atenas. Pinturas sobre papel. Depois, ainda neste primeiro semestre de 2025, estarei trabalhando em Lisboa, em um novo ateliê. Quero ficar mergulhada, quero muito fazer uma leitura da paisagem à beira Tejo. 

Quero observar, a natureza plana, diferente das minhas montanhas. Não sei o que vai dar, mas já estou com muita vontade de criar, me atirar neste novo desafio. Quero trabalhar sem pressa, sem compromisso, seguir o curso do rio, na calma lisboeta.


Nessas idas e vindas entre Brasil e Portugal, nos diga o que você mais gosta de fazer no seu tempo livre? 

No meu tempo livre... O que é tempo livre?, é raríssimo, pois sou muito intensa e adoro trabalhar. Quando estou livre, estou pensando em novos projetos, criando novas conexões, mas, quando posso, adoro andar devagar pelas ruas de Lisboa. Quase que flanando. 

Descer a [Avenida da] Liberdade, até o Tejo. Me encanta muito. Me emociona demais ver as pessoas, ir ao Chiado, tomar um copo. Ou alugar um carro e ir para as aldeias velhas fazer trilhas. Amo! 

Descobrir o Portugal profundo e conversar com os mais velhos. Fico mesmo tocada. E no Brasil, gosto de ficar ao sol, alimentar e receber meus passarinhos que vivem livres e, por vezes, pousam na minha mão... E brincar com meus cães [leões da Rodésia], Tião e Chica. 

É uma alegria!

Confira as obras expostas em "A natureza que me habita"

A exposição tem texto curatorial de Vanda Klabin e organização de Marcia e Monica Felmanas - Crédito: Divulgação

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