Dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística de Portugal indicam que as exportações de bens de Portugal para o Brasil cresceram aproximadamente 11% entre janeiro e novembro de 2024, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
As informações completas do último ano ainda não estão fechadas e, por enquanto, não há previsão de quando serão divulgadas.
Entretanto, o Ministério da Economia português adiantou que os produtos agrícolas lideraram esse aumento, registrando uma alta de 19,3%, seguidos pela exportação de veículos e outros materiais de transporte, com 15,7%. O setor de bens alimentares também apresentou um avanço considerável de 7,3%.
Além disso, no setor de serviços, apesar de algumas quedas, a área de viagens e turismo registrou um crescimento de 10,1%, o que reafirma a importância do turismo na relação comercial entre os dois países.
Atualmente, o Brasil ocupa a posição de 11º maior cliente da economia portuguesa e o sexto maior fornecedor de bens e serviços.
Em nota à BRASIL JÁ, o governo português afirmou que se mantém otimista quanto à capacidade de ambas as economias enfrentarem os desafios do cenário internacional, estreitando mais a parceria.
Comércio bilateral em transformação
Do lado brasileiro, Paulo Matheus, representante da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex, em Portugal, afirmou que o comércio bilateral está em transformação.
O petróleo do Brasil ainda representa cerca de 65% das exportações brasileiras para Portugal, mas a participação de produtos industrializados tem crescido consistentemente ano após ano.
Estamos vendo uma mudança gradual, mas firme, no perfil das exportações brasileiras para Portugal. Produtos de maior valor agregado vêm ganhando espaço, o que representa uma evolução positiva na pauta exportadora brasileira, afirmou.
Para ele, se por um lado as exportações brasileiras para Portugal registraram uma leve queda, por outro houve uma valorização dos produtos exportados por Portugal.
“O mercado está se ajustando, e essa reestruturação é necessária para tornar o comércio mais equilibrado e sustentável no longo prazo.”
Outro ponto levantado na análise do fluxo comercial Brasil-Portugal é a crescente participação de pequenos e médios empresários brasileiros no mercado português.
Segundo o representante da Apex, muitos deles ainda enfrentam barreiras burocráticas, que dificultam a entrada de novos produtos e serviços.
“A reclamação dos pequenos e médios empresários sobre as barreiras alfandegárias e regulatórias é recorrente. Isso mostra a necessidade de um maior diálogo entre os governos para facilitar essas transações”, disse.
Paulo Matheus também lembrou do trabalho da agência que representa para aproximar esses empresários do mercado português.
“O escritório da Apex em Portugal se tornou um ponto focal essencial para auxiliar empreendedores brasileiros a compreenderem melhor as regras locais e expandirem seus negócios.”
Acordo Mercosul-União Europeia
A iminência do Acordo Mercosul-União Europeia sair do papel também observada de perto pelo representante da Apex. Ele afirmou que Portugal tem se mostrado um grande apoiador do tratado, que poderia trazer vantagens significativas para ambos os países.
Paulo Matheus, no entanto, reconhece que há desafios políticos e diplomáticos, especialmente no que diz respeito às posições de países como França, Polônia e Hungria, que se opõem a certos termos do acordo.
“O Brasil e Portugal têm uma relação comercial estratégica que pode se beneficiar muito desse acordo. No entanto, é preciso um esforço conjunto para vencer as resistências políticas que ainda existem na União Europeia.”
O fluxo comercial entre Brasil e Portugal em 2024 foi positivo, com crescimento significativo das exportações portuguesas e uma mudança qualitativa no perfil das exportações brasileiras.
Mesmo com desafios persistentes, como barreiras burocráticas e a necessidade de avanços diplomáticos para facilitar o comércio, as perspectivas para os próximos anos são promissoras.
“A tendência é que o comércio Brasil-Portugal continue crescendo, com mais produtos brasileiros de maior valor agregado chegando ao mercado português e uma diversificação das exportações de Portugal para o Brasil”, disse Paulo Matheus.
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