O comércio Brasil-Portugal superou os impactos da pandemia de Covid e dobrou de volume em relação ao período pré-pandêmico. Em 2019, as trocas comerciais totalizavam 2 bilhões de dólares, enquanto em 2024 atingiram foram a 4,6 bilhões (de dólares).
Herlon Brandão, diretor do Departamento de Estatística e Estudos do Comércio Exterior Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil, afirmou à BRASIL JÁ que o crescimento reflete a expansão da economia brasileira e crescimento da demanda por produtos industrializados.
Se compararmos com o período pré-pandemia, vemos um avanço significativo, tanto em volume quanto em diversificação da pauta exportadora. Isso demonstra que as trocas comerciais entre Brasil e Portugal estão cada vez mais qualificadas e consolidadas.
Outro fator que na opinião de Brandão pode impulsionar ainda mais a relação é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Se implementado, o pacto poderá reduzir tarifas e simplificar procedimentos regulatórios, tornando as exportações brasileiras ainda mais competitivas no mercado europeu.
Por enquanto, no final de 2024 o que se aprovou foi uma redação final do acordo, mas ainda falta que nos respectivos blocos econômicos os parlamentos definam como o livre comércio será instituído.
RESULTADOS: Comércio de alta tecnologia entre Brasil e Portugal cresce
Enquanto isso, Brasil e Portugal têm colecionado avanços nas trocas comerciais, mas ainda existem desafios para desburocratizar a negociação.
Os principais entraves são as barreiras não tarifárias, como burocracia alfandegária, exigências sanitárias e questões de rotulagem.
Importadores portugueses ouvidos pela reportagem frequentemente mencionam essas dificuldades como fatores que limitam o crescimento das exportações brasileiras para a Europa.
Além disso, a necessidade de uma infraestrutura portuária mais ágil e moderna é um fator determinante para reduzir custos e facilitar o transporte de mercadorias entre os dois países.
A digitalização e modernização dos processos aduaneiros, já em andamento, devem contribuir para atenuar esses gargalos nos próximos anos.
Exportações de alta tecnologia do Brasil em alta
As exportações de bens de alta tecnologia foram as que mais cresceram em 2024 entre os setores industriais, com aumento de 11,5%.
Segundo o detalhamento dos dados da balança comercial, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, entre os produtos que mais se destacaram no aumento das exportações no ano passado estão:
- aeronaves;
- instrumentos e aparelhos de medida e verificação;
- e equipamentos de comunicação e partes e medicamentos.
Com o aumento das exportações de bens de alta tecnologia, a participação desse segmento na indústria de transformação passou de 3,8% em 2023, para 4,2% em 2024.
Ao todo, segundo os dados divulgados nesta semana e disponibilizados à BRASIL JÁ, a indústria de transformação bateu recorde de exportação de 181,9 bilhões de dólares em 2024, maior valor desde o início da série histórica (1997).
O resultado positivo foi influenciado principalmente por mais exportações de aeronaves e partes de aviões. A exportação destes itens registrou aumento de 22,7%, passando de 3,6 bilhões de dólares em 2023 para 4,4 bilhões de dólares em 2024.
Os principais destinos foram os Estados Unidos, com aumento de 36,2%, e União Europeia, com ampliação de 20,7%.
A produção para fora de instrumentos e aparelhos de medida e verificação e instrumentos de navegação aérea, além de controles de veículos e reguladores de vazão, cresceu 15,8%.
Foi registrado, ainda, aumento na exportação de equipamentos de comunicação e partes (10,5%), e de produtos considerados "outros medicamentos", como medicamentos contendo hormônios e compostos heterocíclicos, com uma subida de 2,6%.
Já na categoria de média-alta tecnologia, embora tenha apresentado redução de 1,5% nas exportações como um todo, houve crescimento de 2,9% em 2024 de automóveis de passageiros, passando de 4,1 bilhões de dólares em 2023 para 4,3 bilhões de dólares em 2024.
O detalhamento mostra a ampliação das exportações de automóveis para a Argentina (54%), Colômbia (16,8%), Uruguai (8,6%) e Paraguai (10,5%).
A indústria de baixa tecnologia, onde se enquadram, por exemplo, alimentos e bens agroindustriais, também apresentou crescimento de 8,6% no valor exportado. A categoria representou 50,1% das exportações industriais.