O presidente da Bulgária, Rumen Radev, conhecido por se posicionar a favor da Rússia, fez um alerta para o risco de Moscou atacar diretamente um país da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) caso a Ucrânia seja autorizada a atingir alvos em solo russo com armas aliadas.
"As reações precipitadas dos nossos políticos e instituições, de que a Bulgária não enviará tropas para a Ucrânia, não significarão absolutamente nada se qualquer outro país provocar um confronto direto com a Rússia", afirmou Radev, em declarações aos jornalistas na cidade suíça de Berna.
O chefe de Estado búlgaro referia-se ao apelo feito na segunda (27) pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, para que sejam reconsideradas as atuais restrições que impedem a Ucrânia de utilizar armas aliadas contra território russo.
Stoltenberg disse, durante a Assembleia Parlamentar da Otan, em Sofia, que Kiev “terá as mãos atadas” se não conseguir responder ao ataque de Moscou com ofensivas a alvos militares legítimos em território russo.
A Assembleia Parlamentar da Otan, uma instituição independente da Aliança Atlântica, aprovou também na segunda uma declaração de apoio para que seja dada essa capacidade à Ucrânia.
Além dos 32 países da Otan, têm assento na instituição delegados de parlamentos parceiros ou observadores de outras nações ou organizações, como a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa ou a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
“Os apelos aos países da Otan para levantarem a restrição ao uso de armas pela Ucrânia para atacar alvos militares russos estão a dar à Rússia razões para responder”, frisou Radev, em reação a esta posição.
A sua advertência foi feita em alusão às implicações do Artigo 5.º do Tratado do Atlântico Norte, que afirma que um ataque a um país membro é considerado um ataque a todos os aliados.
Radev tem acusado os políticos búlgaros de colocarem a população em risco ao optarem pela rota euro-atlântica, num contexto em que “a retórica militar no mundo ocidental está a aumentar”.
“Já é altura de os políticos búlgaros abrirem bem os olhos sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, esforçarem-se para acabar com ela mais rapidamente e encontrarem caminhos para a paz com base no direito internacional”, defendeu Radev, citado num comunicado do seu gabinete.
O Kremlin (presidência russa) já condenou o apelo de Stoltenberg e acusou a Otan de aumentar “o grau de escalada”.
“A Otan está a brincar com o fogo com a retórica militar, está a cair num êxtase bélico”, afirmou Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, em declarações ao jornal ‘Izvestia’.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Com a Agência Lusa