10/05/2024 às 10:12
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A socióloga Cristina Roldão, uma das principais vozes na luta antirracista em terras lusitanas, acompanhou o julgamento na quarta (8) do caso Cláudia Simões. Para ela, o processo em que a cozinheira é, ao mesmo tempo, vítima e ré, exemplifica o racismo institucional em Portugal.
“É comum ver o Poder Judiciário falhando em quase todas as denúncias desse tipo na sociedade portuguesa. Esse é o melhor retrato do que é o racismo institucional em Portugal. Venham aos tribunais portugueses e vejam como funcionam”, afirmou Roldão.
A BRASIL JÁ acompanhou o julgamento. Antes do início da audiência, marcada para as 14h30, a funcionária responsável pelo controle da entrada do Tribunal de Sintra ficou surpresa quando perguntei onde ocorreria a sessão.
Ela sequer sabia que o caso de Cláudia Simões estava agendado. Todas as atenções dos jornalista que formavam fila do lado de fora estavam voltadas para o caso envolvendo o socialite José Castelo Branco —acusado de violência doméstica contra a sua companheira, Betty Grafstein.
Entrei no prédio e, diante da calmaria e do silêncio dos corredores do terceiro andar, onde seria realizado o julgamento da cozinheira, estava Cristina Roldão.
Enquanto esperava a chamada para acompanhar a audiência, ela afirmou à BRASIL JÁ não acreditar que a questão racial seria considerada no caso de Cláudia. Entretanto, a expectativa da militante era que a violência policial sofrida pela mulher fosse reconhecida e que as queixas contra ela fossem anuladas.
Segundo Roldão, o sistema de justiça em Portugal vem sendo cada vez mais instrumentalizado dentro do debate sobre a questão racial. Além disso, ela considera que as forças de extrema direita têm usado os tribunais com frequência para cercear todas as vozes que se levantam contra o racismo.
Isabel Louçã, professora aposentada, também aguardava pelo veredito contra Cláudia e o policial que a agrediu.
Em conversa com à BRASILJÁ, ela afirmou ter acompanhado o caso de Simões desde a primeira audiência e disse que nunca houve imparcialidade por parte do coletivo de juízes que conduz o processo.
Sem grandes expectativas com o resultado —que acabou sendo adiado para o próximo dia 22—, Louçã acrescentou que o julgamento do caso Cláudia é um exemplo de como o racismo está enraizado nas instituições portuguesas. “Acho que isso é uma coisa que tem que se ganhar nas ruas", afirmou.
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