Um jovem português de 17 anos suspeito de incitar o ataque a tiros que terminou com a morte de uma estudante num colégio de Sapopemba, em São Paulo, foi preso no norte de Portugal nesta quinta (2).
As informações são da Polícia Judiciária do país, que afirmou que o detido também promove o nazismo e instiga comportamentos extremistas na internet.
Segundo a polícia, o suspeito —que não teve o nome divulgado— foi indiciado por homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação, e incitamento ao ódio e à violência. Há, também, uma acusação por crimes de pornografia de menores.
A investigação da Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária, em conjunto com a Polícia Federal brasileira, teve o objetivo de descobrir e identificar quem era o autor dos crimes.
Os investigadores descobriram que o preso criou e administrava um grupo na plataforma Discord para difundir o nazismo, planejar e executar atos extremistas como: automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da “missão” de cometer massacres em escolas —filmados e transmitidos através do telemóvel— e, ainda, compartilhar e vender pornografia infantil.
A Polícia Judiciária conseguiu apurar que as condutas foram compartilhadas no grupo, incluindo transmissões ao vivo de agressões contra animais que eram mutilados e mortos. Em outra transmissão, jovens eram incentivados a beber detergente e se mutilarem com objetos cortantes.
Segundo os investigadores, "através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem detido prestava conselhos quanto ao modus operandi e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes".
Morte em escola de São Paulo
Em relação ao caso do ataque em São Paulo, a polícia descobriu que, através do Discord, o autor do crime difundiu imagens da arma e da balaclava (gorro) que seriam usadas no crime, além do nome da escola onde o atentado iria ocorrer.
O ataque ocorreu em outubro do nao passado em Sapopemba, zona leste de São Paulo. Um estudante de 16 anos do primeiro ano do Ensino Médio foi o autor dos disparos que mataram a adolescente Giovanna Bezerra, de 17 anos, atingida na cabeça. Outras três pessoas ficaram feridas.
O que acontece agora
De acordo com a polícia, o crime é enquadrado em Portugal como criminalidade violenta e criminalidade especialmente violenta.Na quinta, a Polícia Judiciária fez buscas em endereços, e apreendeu várias provas em material informático e digital.
A corporação afirma que a investigação vai continuar em âmbito internacional para identificar outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas. Nesta sexta (3), o suspeito será apresentado a autoridade judiciária para serem aplicadas medidas de coação.