A nova edição do Masterchef Portugal, transmitido pela RTP, vai ter sotaque brasileiro no corpo de jurados. A chef pâtissière —ou, pasteleira— Juliana Penteado se junta aos chefs Rui Paula, da Casa de Chá da Boa Nova, e Pedro Pena Bastos, do Cura, na temporada que começa no dia 30.
Atualização: o texto foi alterado depois de publicado. Leia o que foi mudado no final.
É a primeira vez que uma brasileira ou brasileiro integra a bancada, que avalia o desempenho dos candidatos a futuros chefs.
“É um desafio assumir essa posição como mulher brasileira, compartilhando o palco com dois grandes chefs. É a celebração da minha relação de amor e respeito pela história da gastronomia portuguesa”, afirmou a chef, nascida em São Paulo e apaixonada pela gastronomia desde menina, por influência da avó.
A expectativa é de que, com a visibilidade, Juliana fique ainda mais conhecida pelo grande público. Na cena gastronômica, ela já é reconhecida graças a seus doces moldados com técnicas da gastronomia francesa, esmero estético e um toque fora da caixa.
ENTREVISTA: Uma jurada brasileira no Masterchef Portugal: 'Cozinhar é cozinhar com alma'
Uma curiosidade: ela usa óleos essenciais em seus preparos, uma inspiração que veio da mãe, terapeuta. O trânsito entre os melhores chefs de Portugal coincide com a chegada de Juliana ao país. Ela escolheu viver aqui depois de trabalhar em São Paulo, Londres e Paris.
Depois, Juliana começou a impressionar com seus doces nas duas casas de outro imigrante, o iugoslavo Ljubomir Stanisic, do 100 Maneiras e Bistrô 100 Maneiras, mas selou de vez seu nome como referência da pâtisserie com sua marca própria.
Empreendedora
À certa altura, Juliana decidiu encarar o desafio de empreender em Portugal, primeiro com o Baru, ainda pandemia. Depois, com o Juliana Penteado Pastry, hoje com dois endereços: na Avenida António Augusto Aguiar e na Calçada da Estrela, temporariamente fechada para reformas.
De quebra, volta e meia a chef é convidada para criar menus em eventos de marcas de luxo como Louis Vuitton e Dior. Na vitrine —ou montra, como dizem em Portugal— os doces se destacam pela estética e pelo diálogo entre os ingredientes, que mudam todas as semanas.
É o caso da Choux au Craquelin de castanha de caju e tomilho ou da tarte de banana com doce de leite e cardamomo. Ou, ainda, da torre de manga com flor de coentro. Sim, além dos óleos essenciais, os doces de Juliana têm muitas frutas, muitas delas com gostinho brasileiro, como o maracujá.
Com essa breve amostra, já fica claro que o forte de Juliana não são os doces portugueses, apesar da afeição que tem por eles. Mesmo assim, mais nova a chef teve bastante contato com as iguarias: “Na minha casa, no Brasil, comíamos muitos doces de origem portuguesa”.
Já morando em Portugal, Juliana fez uma viagem de um mês pelo país, com longas conversas com doceiras e doceiros portugueses. Ela percorreu quatro mil quilômetros, passou por setenta aldeias e batizou o caminho de Rota Amarela, devido à força dos ovos na doçaria conventual.
No entanto, a construção da carreira, com passagens pelo Grupo Fasano, ainda no Brasil, e pelos bancos da prestigiada Le Cordon Bleu de Londres, fizeram com que fincasse seus pés na pâtisserie. Porém, nesses espaços não lhe foi permitido criar um diálogo entre as culinárias de Brasil e Portugal.
Por exemplo, dia desses, o menu criado por Juliana incluiu um quindim, o primo da portuguesa brisa do Lis, com canela do Sri Lanka.
Como empreendedora solo e dois estabelecimentos a todo vapor em Lisboa, Juliana assume a missão de guiar os participantes do Masterchef Portugal para realizar do sonho da carreira na gastronomia.
“Quero inspirar os participantes e potencializar suas habilidades de modo construtivo”. Se mirarem no exemplo dessa brasileira que brilha em Portugal, já é um bom começo.
Atualizado em 23 de novembro, às 12h53: erramos ao informar que a SIC transmitiria o programa. O Masterchef, a exemplo das temporadas anteriores, será exibido pela RTP.