A paulista Juliana Penteado, à frente das duas unidades da Juliana Penteado Pastry de Lisboa, estará nas telas da tevê portuguesa a partir do dia 30, exibido pela RTP.
Ao lado dos chefs Rui Paula, da Casa de Chá da Boa Nova, e Pedro Pena Bastos, do Cura, ela será responsável por avaliar os pratos dos aspirantes a chefs de cozinha que se arriscam na nova temporada do Masterchef.
Com 34 anos, a chef pâtissière (confeiteira ou pasteleira, em português) está há sete em Portugal e já é muito respeitada, especialmente na cena da alta gastronomia.
COLUNA: Juliana Penteado, a doce presença brasileira na gastronomia portuguesa
Seus preparos, com técnicas francesas, encantam os olhos pelo esmero estético e pelos sabores fora da caixa, com mistura de frutas e óleos essências.
Na conversa abaixo com a BRASIL JÁ, Juliana fala do seu percurso até chegar às telas do país que escolheu para migrar. Confira:
Depois de cursar nutrição, que tem tudo a ver com gastronomia, passou por Londres e Paris. Como veio parar em Portugal?
Eu tenho já uma relação com Portugal bem intrínseca, bem forte. É um país que eu escolhi para viver, né? Um país que hoje eu chamo de casa e escolhi abrir o meu negócio. Então, assim, eu tenho um respeito muito grande por este país, tenho um carinho muito grande por este país, pelas pessoas que vivem aqui, pelos profissionais da gastronomia e de outras áreas, enfim. Eu tenho um respeito e uma ligação muito forte com tudo isso, né?
Assim como muitos candidatos do Masterchef, você também teve o seu começo. Como foi?
Eu tenho um elo com a cozinha, que se iniciou desde cedo. Comecei a fazer curso de culinária voltado para crianças de culinária aos 12 anos e fui até os 18, quando fui estudar nutrição. Na família, a minha avó cozinhava super bem, então tive um bom exemplo de muito amor com a cozinha.
Desde cedo, aprendi que cozinhar é cozinhar com alma.
Você seguiu na confeitaria francesa, mas tem uma história bonita com a doçaria conventual. Como foi isso?
A Rota Amarela foi uma viagem que eu fiz por Portugal. Percorri o país de norte a sul para conhecer os doces portugueses e eu acho que a minha raiz com Portugal mesmo e com essa parte da doçaria se deu muito neste momento e depois as coisas foram sendo lapidadas. A viagem me ajudou a entender Portugal mais a fundo, mesmo que tenha outra linha de trabalho.
Como surgiu o convite para o Masterchef? Foi uma surpresa?
Na temporada passada do Masterchef, eu fui convidada para participar de um episódio, no qual preparava uma sobremesa e os participantes tinham que replicar. Depois desta participação, durante este ano, houve um novo contato, algumaa entrevistas e, enfim, o convite para assumir o posto de jurada.
Você já é bastante conhecida no meio gastronômico. A têve pode trazer um outro público?
É uma forma de divulgar, uma vitrine do meu trabalho. Enfim, é um programa que eu admiro pra caramba, acho super legal. Acho que tem um trabalho muito profissional, tanto da direção e produção, quando dos jurados. O cuidado com o conteúdo é muito grande e envolve responsabilidade, porque se trabalha com o sonho dos candidatos que estão à nossa frente.
Da parte dos jurados também é uma grande responsabilidade…
Nem todos os candidatos já trabalharam ou já tiveram esse contato direto com a cozinha, mas certamente têm um amor, um elo com a gastronomia e querem abrir o próprio negócio. Ser jurada é um processo envolve muita responsabilidade, especialmente na forma como passamos a nossa opinião, a nossa crítica, que tem que ser de uma forma construtiva para o candidato.
Tem que ter empatia, também. São horas de prova, cozinhando em um grande esforço. Acho que o que deve ser avaliado na verdade é não só o resultado final, que claro, conta-se muito, mas todo o processo ali, desde da forma como a pessoa elabora, o prato que ela vai fazer, a organização dela, as etapas que ela, enfim, que ela segue até o resultado final do produto, como ela te apresenta tudo isso.
É especial ser uma brasileira reconhecida em outro país?
Estar no Masterchef é mais uma forma de reconhecimento. Fiquei surpresa? Fiquei. Mas também muito feliz pelo reconhecimento do meu trabalho, de tudo que eu tenho feito, tanto pela minha área de confeitaria, de pastelaria, quanto para gastronomia, quanto para a sociedade como um todo, porque eu acho que você ter um negócio aqui é uma vitória.
Como foi esse processo de abrir a Juliana Penteado Pastry?
Você tem que pensar na sociedade local e pra mim sempre foi esse o grande, o grande trabalho mesmo, a grande luta de você entender como é o mercado aqui, porque são fatores importantíssimos quando você abre um negócio, é você fazer essa leitura do público local. Eu sempre tive essa preocupação em agradar e ver o que realmente faria sentido, para Portugal, para Lisboa, o que as pessoas realmente gostariam.
E a rotina de gravações e o contato com Rui, Pedro e chefs convidados?
Minha relação com o Rui Paula e o Pedro é maravilhosa. Eles são duas figuras de muito peso para a gastronomia portuguesa e foi um presente estar ali fazendo parte desse time de jurados junto deles. São dois profissionais que eu admiro imenso, são pessoas extremamente sérias e ao mesmo tempo, que tem me ensinado muito durante essa jornada de gravações e do programa.
[...]Eu vejo essa jornada muito como um aprendizado e, enfim, fico muito contente em estar ali e também dividir um pouco sobre o meu conhecimento, sobre as minhas experiências. Acho que foi uma troca super interessante, tem sido uma troca super interessante e, enfim, acho que foi um grande tesouro estar do lado dessas duas figuras que para mim são assim eu sou completamente apaixonada pelo trabalho de ambos.
E sobre os aspirantes a chef?
É um trabalho bem interessante que a gente faz. Porque eu acho que você não tá ali apenas para criticar um prato. Acho que é como eu falei antes, eu acho que é de você olhar toda essa trajetória deles. Porque são candidatos que, bom, abdicam de muitas coisas das suas vidas pessoais para estarem ali. E se dedicarem àquilo. É muita dedicação, é muito estudo, é muito treino, você vê pessoas assim em curvas de aprendizado.