09/01/2025 às 04:30
| 2 min de leitura
Publicidade
A Justiça galega —região na Espanha— divulgou nesta quarta (8) quais são as condenações dos quatro autores do assassinato do brasileiro Samuel Luiz.
O crime ocorreu na madrugada do dia 3 de julho de 2021, quando o auxiliar de enfermagem com dupla nacionalidade, brasileira e espanhola, foi espancado até ficar desacordado em A Coruña, cidade em Galicia, no Noroeste do país.
Socorrido, Samuel não resistiu aos golpes do grupo que o espancou.
Pelo crime foram considerados culpados e condenados Diego Montaña, Alejandro Freire, Kaio Amaral e Alejandro Míguez. As penas impostas a eles foram, respectivamente, 24 anos, 20 anos, 20 anos e seis meses, e dez anos de cadeia.
Montaña, a quem a Justiça aplicou a pena mais dura, também respondeu e foi responsabilizado por discriminação por orientação sexual.
Ficou provado durante o julgamento que antes de partir para cima de Samuel, Montaña o chamou de "maricón", o equivalente a viado, em português.
Embora as condenações rondem as duas décadas de prisão, em todas elas a juíza Elena Pastor reduziu as penas que o Ministério Público pedia para os responsáveis pelo crime.
O julgamento dos envolvidos começou em outubro do ano passado e, no fim de novembro, já se sabia que o júri popular deliberou que os responsáveis deveriam ser condenados. Faltava, no entanto, conhecer o tempo de pena de cada um dos réus.
Segundo publicou o jornal La Voz de Galicia, os advogados de defesa de todos os condenados, menos o que representa Diego Montaña, já declararam à imprensa local que vão apresentar recurso contra as penas impostas pelo juízo.
'Caçada brutal e desumana'
Na primeira sessão do julgamento, em outubro, a promotora María Olga Serrano classificou o crime como uma "uma caçada brutal e desumana". O espancamento começou por um motivo banal.
Do lado de fora de um pub na orla de A Coruña, o rapaz estava numa ligação por vídeo e, atrás dele, estavam Diego Montaña e a então namorada, Katy. Montaña pensou que Samuel o estava gravando e disse que o auxiliar de enfermagem deveria parar.
Montaña atacou o rapaz a socos e amigos do agressor se somaram ao ataque. Ao todo, imagens de câmeras recolhidas pela polícia identificam até sete pessoas agredindo Samuel de várias formas —mas principalmente na cabeça.
O ataque em grupo seguiu por cerca de 150 metros, distância percorrida por Samuel enquanto desesperadamente tentava fugir. Segundo o relatório da acusação, lido pela promotora, o brasileiro estava "só e vulnerável", incapaz de reagir.
Foi quando, ao fim dos 150 metros em que tentou se salvar, machucado, Samuel caiu no chão, inerte. O jovem chegou a ser socorrido para um hospital da região, mas morreu na unidade de saúde.
Repercussões
O caso repercutiu amplamente na Espanha. Após a condenação dos envolvidos, o presidente espanhol, Pedro Sánchez, reforçou estar indignado com o caso. A ministra de Juventude e Infância espanhola, Sira Rego, se pronunciou nas redes sociais sobre o caso.
Ela disse que as sentenças não apagam a dor da família e que matar alguém aos gritos de viado é ódio.
"A sentença não devolve a vida de Samuel nem apaga a dor, mas confirma o que qualquer um com um mínimo de consciência sabe: matar alguém gritando viado é ódio", escreveu a ministra.
Jornalismo verdadeiramente brasileiro dedicado aos brasileiros mundo afora
Os assinantes e os leitores da BRASIL JÁ são a força que mantém vivo o único veículo brasileiro de jornalismo profissional na Europa, feito por brasileiros para brasileiros e demais falantes de língua portuguesa.
Em tempos de desinformação e crescimento da xenofobia no continente europeu, a BRASIL JÁse mantém firme, contribuindo para as democracias, o fortalecimento dos direitos humanos e para a promoção da diversidade cultural e de opinião.
Seja você um financiador do nosso trabalho. Assine a BRASIL JÁ.
Ao apoiar a BRASIL JÁ, você contribui para que vozes silenciadas sejam ouvidas, imigrantes tenham acesso pleno à cidadania e diferentes visões de mundo sejam evidenciadas.
Além disso, o assinante da BRASIL JÁ recebe a revista todo mês no conforto de sua casa em Portugal, tem acesso a conteúdos exclusivos no site e convites para eventos, além de outros mimos e presentes.
A entrega da edição impressa é exclusiva para moradas em Portugal, mas o conteúdo digital está disponível em todo o mundo e em língua portuguesa.