O ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano de militares para envenenar o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e assassinar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, além do vice-presidente, Geraldo Alckmin. É o que, segundo o jornal Estado de São Paulo, concluiu a Polícia Federal durante o inquérito que desencadeou a operação Contragolpe, deflagrada na terça (19).
Na terça, policiais federais saíram às ruas no Brasil para desarticular uma organização criminosa que planejou um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula após as eleições de 2022. O pleito terminou com Bolsonaro derrotado por Lula, e portanto eleito para o terceiro mandato presidencial. De acordo com a Polícia Federal, foi traçado um plano por militares e agentes federais para assassinar Lula e Geraldo Alckmin.
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"Foi identificada a existência de um detalhado planejamento operacional, chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, voltado ao homicídio dos [então] candidatos à Presidência e vice-Presidência da República eleitos", informou a Polícia Federal, em relatório.
O presidente Lula se manifestou nesta quinta (21) sobre a apuração da PF. Disse o presidente que agradece por estar vivo e, não tendo dado certo a tentativa de envenená-lo, e acrescentou que ao término do mandato, em 2026, só o que quer é desmoralizar com números os que governaram antes —ou seja, Bolsonaro.
"Não quero envenenar ninguém. Eu não quero nem perseguir ninguém", disse Lula durante evento no Palácio do Planalto.
"Eu quero medir com números quem fez mais escolas neste país, quem cuidou mais dos pobres, quem fez mais estrada, quem fez mais pontes, quem pagou mais salário mínimo. É isso que eu quero medir", acrescentou o presidente.
Dezenas de indiciados
A lista de indiciados —ou seja, apontados pela Polícia federal por planejar o crime— será extensa, segundo o portal G1. Ao todo, cerca de quarenta pessoas deverão ser responsabilizados. Os nomes, entretanto, ainda não foram revelados pela corporação.
Há a expectativa de que o relatório final da investigação saia ainda nesta quinta. No documento, serão indicados como participantes da trama políticos graúdos, militares e ex-assessores presidenciais.
O indiciamento se refere não só aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Também abarca as pessoas identificadas na investigação sobre o plano de executar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.