Lula durante visita à Etiópia. Crédito: Ricardo Stuckert, PR

Lula durante visita à Etiópia. Crédito: Ricardo Stuckert, PR

Brasil defende reconhecimento definitivo da Palestina

Em visita à Etiópia, presidente Lula criticou os cortes em ajuda humanitária

19/02/2024 às 07:53 | 3 min de leitura
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O presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, afirmou no domingo (18), em visita à Etiópia, na África Oriental, que irá defender na Organização das Nações Unidas (ONU) o "reconhecimento definitivo" da Palestina como um Estado pleno e soberano. 

Lula também criticou os cortes em ajuda humanitária aos palestinos anunciados por vários países e voltou a chamar de genocídio as ações militares de Israel na Faixa de Gaza, chegando a compará-las com o Holocausto. 

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não  existe em nenhum outro momento histórico. Existiu quando Hitler decidiu matar os judeus. Então, como é possível que a gente possa colocar um tema tão pequeno, sabe? Você deixar de ter ajuda humanitária? O Brasil condenou o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo na Faixa de Gaza", afirmou Lula.

O presidente brasileiro disse que o conflito entre Israel e Hamas não se trata de uma "guerra entre soldados e soldados", mas sim de uma "guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças". Com isso, o presidente garantiu que o Brasil fará novo aporte de recursos para ações humanitárias na região.

Por que ajudas foram cortadas?

Mais de dez países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Itália, Suíça, Irlanda e Austrália, chegaram a suspender repasses para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês). 

A entidade, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), é a maior responsável por ações humanitárias implementadas na Faixa de Gaza.

Os cortes foram anunciados após Israel denunciar o envolvimento de funcionários da entidade nos ataques realizados pelo grupo palestino Hamas no sul do país, em 7 de outubro do ano passado, quando começou o confronto. O governo israelense também defendeu que a UNRWA fosse extinta e substituída por outras agências.

Por sua vez, a entidade anunciou o afastamento dos acusados, mas criticou a suspensão dos repasses financeiros. O chefe da UNRWA, Phillipe Lazzarine, pontuou que as alegações envolvem um grupo pequeno de funcionários. Ele também destacou que as vidas das pessoas na Faixa de Gaza dependem das contribuições internacionais, sem as quais diversas comunidades ficarão desamparadas. 

"A UNRWA é a espinha dorsal da resposta humanitária e a tábua de salvação de milhões de refugiados em toda a região", escreveu Lazzarine nas redes.

O que faz a UNRWA?

Entre os serviços sociais desenvolvidos pela entidade estão a construção e administração de escolas, abrigos para desalojados e clínicas médicas. Ela também é responsável por distribuição de alimentos. 

Além disso, a UNRWA é um importante contratante de mão de obra em uma região que conta com boa parte da população desempregada.

"Quando eu vejo países ricos anunciarem que estão parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Se tem algum erro dentro de uma instituição que recolhe dinheiro, puna-se quem errou. Mas não suspenda ajuda humanitária para um povo que está há tantas décadas tentando construir o seu Estado", criticou Lula.

O presidente brasileiro disse que os valores do novo aporte brasileiro ao UNRWA ainda serão definidos. Ele cobrou que as lideranças mundiais assumam um comportamento responsável em relação ao ser humano. 

Na quinta (15), após a Irlanda anunciar a retomada das contribuições, o chefe da UNRWA, Phillipe Lazzarine, agradeceu o país pelas redes sociais. Ele também conclamou outras nações a seguirem pelo mesmo caminho.

"Quatro meses em uma guerra brutal. O custo para os civis é inimaginável: 5% da população de Gaza já sofreu mortes, ferimentos ou separação, 17 mil crianças arrancadas dos pais. A fome se aproxima. A ajuda desesperadamente necessária não está indo para Gaza. Uma ação urgente é crucial para travar este crescente desastre humanitário. Não há substituto para o papel do UNRWA na ausência de uma solução política genuína. Afirmar o contrário não só coloca em risco a vida de pessoas desesperadas, mas também compromete as possibilidades de uma transição bem sucedida", afirmou.

Governança mundial

O presidente brasileiro também voltou a se posicionar a favor de uma reforma na ONU, ampliando as participações no Conselho de Segurança e extinguindo o direito de veto mantido por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.

"O que acontece no mundo hoje é falta de instância de deliberação. Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU. A invasão da Líbia, a invasão da Ucrânia e a chacina de Gaza também não passaram. Aliás, as decisões tomadas pela ONU não foram cumpridas. Nós estamos esperando para humanizar o ser humano. O Brasil está solidário ao povo palestino. O Brasil condenou o Hamas e não pode deixar de condenar o que o exército de Israel está fazendo", disse.

Com informações da Agência Brasil

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