Roberto Bomtempo falou sobre carreira, família, imigração, política e mais - Foto: Rafa Marques

Roberto Bomtempo falou sobre carreira, família, imigração, política e mais - Foto: Rafa Marques

Cara a Cara - Roberto Bomtempo e as 'dores e delícias de ser imigrante' em Portugal

'É muito forte. É uma experiência forte', contou o artista à BRASIL JÁ

09/09/2024 às 11:42
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Ator, diretor, produtor e professor. São muitas as versões profissionais de Roberto Bomtempo em sua jornada na dramaturgia. Aos 61 anos, com mais de quarente deles dedicados à arte, o mestre fala com amor sobre seu ofício, um instrumento de reflexão. 

Como ator, ele participou de mais de 35 filmes nacionais e internacionais, dezenas de novelas e peças de teatro. Em sua estreia como diretor de cinema, fez o premiado longa-metragem “Depois daquele Baile”, protagonizado por gigantes da dramaturgia, como Lima Duarte, Irene Ravache e Marcos Caruso. 

Em 2020, mudou-se para Portugal com a família e desde então vive por aqui. Casado com a atriz e produtora Miriam Freeland, eles estrearam agora em setembro o “Diário de Pilar na Amazônia” no Teatro Independente de Oeiras. 

O espetáculo musical, baseado na obra literária de Flávia Lins e Silva, com direção de Symone Strobel, reforça a importância da preservação da Amazônia. Nesta entrevista, ele fala de família, trabalho, as dificuldades da imigração, política e, sobretudo, arte.

Roberto Bomtempo e Miriam Freeland em Lisboa - Foto: Mariana

Qual a sua relação com Portugal? 

Em setembro se completam 4 anos que chegamos a Portugal. Na verdade, eu conheço Portugal desde 1992, quando estive aqui pela primeira vez. Eu ain- da era casado com a minha primeira esposa, que é filha de português, neta de português. 

Com ela, tenho uma filha de 32 anos. Este foi o meu primeiro contato com o país: pelos olhos dessa família, que é uma família muito querida. O meu sogro era músico, tinha um olhar muito romântico sobre Portugal. Desde então, por conta deles, eu vim e voltei algumas vezes. A gente vinha, ficava trinta dias, às vezes quarenta. Então, fui conhecendo o país aos poucos. 

Os anos se passaram, a gente separou, conheci Miriam [Freeland], casamos e ano que vem a gente completa 20 anos de casamento.

Mas você já tinha morado fora do Brasil antes de vir para cá. 

Já. Em 2013, eu e Miriam moramos em Londres. Eu queria vir pra Portugal, mas a Miriam não conhecia [o país] e, inicialmente, não tinha nenhum encantamento [com a ideia]. Nada a favor, nada contra. Ela não conhecia, e, como a gente ia passar um tempo fora, ela forçou a barra para irmos para Londres. 

O teatro lá é muito forte. Nós éramos contratados da Record, e aí eu pedi uma licença não remunerada de um ano. Passamos oito meses em Londres e, no final dessa viagem, outros qua- renta dias em Portugal. 

Quando a gente voltou para o Brasil, eu falei pra ela que queria viver a experiência de morar em outro país por um tempo maior, passar dois anos, experimentar uma cultura diferente. Como eu sempre quis vir para Portugal, ela concordou que deveríamos começar a preparar esse projeto. E, assim, começamos esse sonho de vir pra cá.

Como se prepararam para a mudança? 

Nos preparamos para [mudar no] final de 2018, que foi quando eu terminei meu relacionamento com a Record. Eu estava ali havia quase 14 anos como ator e diretor. Conversei com eles, disse que não estava querendo mais dirigir novelas. Acho que é uma coisa muito desgastante, mas foi uma experiência espetacular. 

Saí da Record em outubro de 2018 pra gente vir [para Portugal] em janeiro de 2019. Mas aconteceu uma coisa curiosa. Logo que a gente foi para a Record, diziam: quem deixa da Globo nunca mais volta para a Globo. Mas como é o tempo, né? Eu saí da Record e o que aconteceu foi exatamente um convite da Globo. Um contrato de um ano e meio. 

A gente ficou muito mexido com aquilo, porque era uma proposta muito boa de trabalho. Foi a última temporada da [série] “Malhação”. Por isso, a gente resolveu ficar mais um pouco no Brasil. O ano de 2019 começou, fui gravando e [ao mesmo tempo] planejando vir, no ano seguinte, para Portugal. 

Então, na verdade, a decisão de vir para Portugal é antiga, anterior a qualquer questão política brasileira [em 2019, Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, diminuiu a importância da Cultura no governo e passou a atacar artistas]. Foi uma decisão antiga de realmente viver a experiência  [de morar no exterior].

Vocês chegaram em um ano de pandemia. As gravações de “Malhação”, inclusive, foram interrompidas.

Sim. A “Malhação” estava no ar. Eu estava gravando e foi aquele sufoco. A gente gravou sábado, com planeja- mento de [voltar a gravar] na terça-feira [seguinte] e, na própria terça, eu recebi um recado: “Não venham. Cancelaram a gravação.” 

No sábado, tinha sido uma coisa de não poder cumprimentar com a mão. Quatro dias depois, virou outra coisa. As gravações foram suspensas para sempre. O que estava gravado foi editado de forma a criar um final. Colocaram os dois protagonistas  dentro da cidade cenográfica, sozinhos, isolados. Gravaram um final, cada um de um lado da cidade, falando um texto meio poético. 

E assim terminou. Era março de 2020. A gente estava com passagem comprada para junho. Vínhamos fazer uma pós-graduação. A gente estava matriculado em uma faculdade. E, aí, teve uma questão que a advogada da gente nos orientou mal. Fomos para o aeroporto eu, Miriam, os filhos e 22 malas. Fechamos tudo, alugamos nossa casa, vendemos carro e não conseguimos embarcar de jeito nenhum. 

A gente tinha que ter o visto de estudante no passaporte e não apenas [ter] a matrícula da faculdade. Por causa disso, ficamos mais 45 dias no Brasil acampados. Em 45 dias, conseguimos o visto de estudante. Teve uma brechinha em setembro e viemos.

Que sufoco.

Sim, mas Portugal tem toda esta história para mim, que não é só um país da minha curiosidade. Tem esse passado muito emotivo. [Ajudou] O fato de a gente sentir que tinha chance de trabalhar aqui, de poder de alguma forma exercer o que a gente sempre fez no Brasil, que é produzir [teatro]. Somos atores, e eu diretor também, e somos produtores. Viríamos por dois anos para ver como seria essa vida [no exterior] e, agora, já estamos há quatro.

Vieram você e sua família e, claro, numa situação melhor que a de muitos brasileiros. Desta experiência, como é a vida de imigrante? 

É muito forte. É uma experiência forte. Isso que você perguntou, eu acho que é forte de qualquer maneira, mas vir com família, com filhos, eu acho que a dor é dupla. A dor e a alegria. Eu vivo muito intensamente essa questão paterna, familiar. 

É uma coisa que sempre me tocou muito, me moveu muito ao longo da vida. Então, poder estar aqui, proporcionando para os meus filhos a experiência de vivenciar uma outra cultura, num outro continente, mais do que Portugal, estar no continente europeu, eu acho que é a coisa mais forte, sinceramente falando. 

Depois de quatro anos, eu me sinto muito bem em Portugal, eu, Roberto, indivíduo, me sinto muito bem. A Miriam, minha mulher, tem mais questões, essa coisa do preconceito, da forma como às vezes o português lida com o brasileiro, deixa Miriam mais mexida.

E tem também o olhar diferente para a mulher brasileira. E digo isso entendendo que o lugar onde vocês estão é de privilégio, porque são rostos conhecidos em Portugal, sem falar do recorte socioeconômico. 

Exatamente.

Vocês já têm amizades com portugueses? 

Gostaria de conviver um pouco mais com português, mas ainda é difícil. Depois de quatro anos, a gente fez duas grandes amizades: um diretor de teatro aqui de Oeiras, e uma produtora de música, que foi colega de faculdade da Miriam. 

Ela é mais ou menos da geração da Miriam; e esse diretor, mais ou menos da minha geração. Fizemos amizade com esses dois portugueses, amizade forte, profunda, que posso dizer que são amizades para a vida toda.

Há mesmo uma questão cultural de os portugueses serem mais fechados.

É, sim, cultural. E há, depois de um tempo que chegamos, a nossa carência. A gente vivendo aqui sente uma carên- cia do nosso lugar, das nossas pessoas, da nossa história no Brasil. A gente quer ter um calor, um recebimento. E aí vai exatamente nesse lado que você falou das dores e delícias [de ser imigrante], principalmente quando bate nos filhos.

Houve alguma situação delicada? 

Sim, principalmente com o Miguel, que é o menor, que está com 13 anos agora. Ele chegou aqui com nove. A Maria Helena, não. Ela chegou com 20 anos, fez o curso na Escola de Turismo de Lisboa; veio com o namorado, um alemão, filho de brasileira, e esse namorado dela, o Patrick, ficou um ano morando com a gente, e depois eles terminaram. A gente sofre também [risos]. 

Maria tinha dificuldade no relacionamento, de criar amizades com portugueses e, depois que terminou o curso, foi para a Grécia, passou seis meses lá e agora está em Barcelona. Ela se virou, mas o Miguel, que chegou ainda criança, com 9 anos, sentiu muito. No colégio, ele demorou a ser bem recebido, e a gente teve umas situações difíceis. Isso machucava demais a gente. 

Com o sofrimento, ele dizia o tempo inteiro que queria ir embora. Em abril, ele fez 13 anos, e hoje realmente conseguiu ter um grupo de amigos portugueses da escola, mas raramente se frequentam. Ele está mais relaxado e tem também dois grandes amigos brasileiros. Isso ajuda muito.

A adaptação é mesmo difícil. 

[Mas] Culturalmente a experiência é muito enriquecedora. Mesmo com  todas as dores que a gente passa, e as dores existem em qualquer lugar do mundo, imagina, eu saí do Brasil porque eu estava realmente precisando muito ir para um lugar mais calmo, com me- nos violência, com menos confusão entre as pessoas, menos agressividade. 

Aquilo estava me afligindo demais, me oprimindo demais. Principalmente agressividade entre os pares, entre nós. Muita agressividade entre as pessoas. Poder vir para um lugar como este... [Lisboa] É diferente de Paris, de outras cidades maiores. Portugal é um lugar pacífico

Volto, então, para a sua vinda. Você disse que vir era um desejo antigo, que nada tinha com o contexto político brasileiro. O Brasil vivia, em 2019, na sua mudança, momentos difíceis para a cultura. 

Acho que ele [o ex-presidente Jair Bolsonaro] escolheu a cultura como inimiga pública número um. A gente [os artistas] sempre teve, de forma geral, uma posição —com algumas exceções— mais à esquerda, sempre pensando em questões sociais, na cultura como um fator muito importante para a construção de uma sociedade. Quando chegou esse governo [o de Bolsonaro], foi um horror. 

Alimentou-se a agressividade entre as pessoas. Ficou tudo muito agressivo e havia uma opressão muito grande vinda do governo. Quando a gente, a gente falava: “Não, se esse sujeito for reeleito, a gente não vai vol- tar para o Brasil”. Não foi o motivo da nossa saída, mas, estando aqui, a gente dizia que, se ele fosse reeleito, a gente não voltaria. Graças a Deus não aconteceu isso. Mas, de fato, foi um momento delicado para a cultura. 

Houve desde o corte nos recursos públicos [de fomento à produção artística] a declarações de ódio contra o setor. Essa coisa de fomentar o ódio, por um momento, se tornou perigosa.

E quando você fala do setor cultural, dos ataques à produção artística, você fala não apenas como ator e diretor, mas também como produtor. 

É engraçado, porque eu sempre fui produtor. Quando eu e Miriam nos conhecemos, há 20 anos, ela nunca tinha produzido. Desde então, ela passou a ser produtora, a entender o que era [produzir um espetáculo]. Eu venho com esse discurso do ator-diretor, do ator-produtor desde que eu tinha 19 anos, 20 anos de idade. No meu primeiro de teatro, eu percebi que, para sobreviver, precisava ser produtor. 

Não adiantava querer ser só ator, esperar ser convidado para trabalhar. A minha trajetória, desde o primeiro momento, foi essa. Miriam, ao longo do tempo, foi se tornando uma produtora. E eu, de certa forma, fui até cansando de ser produtor, porque desde os 20 anos eu produzo. Ela se tornou realmente uma grande produtora, e gosta.

União na produção e nos palcos. Vocês encenaram recentemente “A História de Nós Dois” aqui em Portugal.

Foi muito bacana. O resultado foi muito bom. Quando a gente está em cena junto, é muito gostoso. Sempre foi assim. Eu falo muito que 20 anos de casados é para estar feliz, é para ser cuidadoso um com o outro. A gente fala muito que acha que se encontrou para viver a nossa vida toda. 

É o meu segundo casamento, é o segundo casamento dela; ela teve uma filha antes, eu tive uma filha antes; nossos filhos são irmãos, parecem realmente que nasceram da mesma barriga, são parceiros, são amigos. Um casamento é renovar os sonhos, os desejos de cada um individualmente e esse olhar de que queremos continuar juntos pela vida. Isso é a minha forma de ver, e a dela também. 

Então, trabalhar junto reforça nossos laços. A gente se admira muito profissionalmente. A nossa profissão tem um lado muito glamorizado, e a gente nunca se interessou por ele. A gente gosta da labuta, de estar em cena, de produzir, de levar aquilo que a gente idealizou.

Como diretor na Record e na Oficina de Atores, como tem visto esta nova geração de artistas?

Esta última geração, eu dei aula. Foi [a geração] do Emílio Dantas, do Chay Suede, uma turma grande que veio de lá, jovens que entenderam a importância do estudo. E o resultado vem, e o resultado é longevo. Você vê esses meninos que estão aí, já são homens, agora, com filhos, e estão aí protagonizando um monte de coisa, como tantos outros que passaram por lá e outros que foram meus alunos por muitos anos. 

Então, a base, o conhecimento da profissão, tudo faz muita diferença. Antigamente, era um percentual muito pequeno que chegava num elenco de uma série, de uma novela, por ser bonito, bonita, por fazer sucesso como modelo. Hoje, é muita gente sem formação atuando.

Sobre o espetáculo o “Diário de Pilar na Amazônia”. Por que tratar desse tema agora?

Escolhemos a Amazônia exatamente por causa daquele momento em que o país estava vivendo, com um grupo político [bolsonarista], com aquele ministro [do Meio Ambiente que que- ria passar a boiada na floresta]. Temos um personagem na peça que lembra ele, que é o vilão. A peça é infantil, mas tem vilão. Pensamos: vamos aqui fazer o nosso pequeno trabalhinho de levar para as crianças esse olhar da impor- tância [da preservação ambiental] para o futuro. 

As crianças realmente podem ser pontas de lança, no sentido de fa- lar: “Opa! Espera aí, pais, tios, adultos, [vocês] têm que fazer alguma coisa.” O teatro infantil tem isso. A gente estreou no Rio ano passado, depois em São Paulo este ano. A gente sabia que na plateia ia ter muitos pais bolsonaristas. 

No teatro infantil, os pais vão. Então, a gente sabia que, com a peça, a gente ia provocar um choque entre filhos e os pais que não acreditam na defesa da natureza.

Roberto Bomtempo em cena em "Diário de Pilar na Amazônia" em Cartaz no Teatro de Oeiras - Foto:

E como foi? 

Na hora que a criança está ali dentro do teatro, ela não entende nada de direita, de esquerda, de centro. Ela tem oito, nove, dez anos de idade, e ela vê aquela floresta linda, aquela personagem indígena, os animais sendo destruídos, e ela sofre. A criança sofre realmente. E o teatro tem essa capacidade, quando ele é bom, quando é bem feito, ele é muito profundo na emoção do espectador. Aí cria esse conflito geracional, de crianças com esses pais de direita. 

Falando bem diretamente, isso nos motivou muito a fazer a peça. Não só levantar a discussão para a questão ambiental —óbvio que há também o debate em outros lugares, como na própria literatura, no cinema, no jornalismo— mas o teatro é uma ferramenta de luta contra essa turma da direita, especialmente em um momento muito delicado, de urgência para a preservação da Amazônia, dos povos indígenas, que vinham sendo massacrados.

Como produtor do espetáculo, você percebia a reação da plateia?

A gente sentia mesmo em parte da plateia uma saia justa, porque a gente via que as pessoas se emocionavam com a peça. Eu percebia ali que pessoas que provavelmente durante quatro anos apoiaram o grupo político estavam ali vendo, de repente, seus filhos defendendo a Amazônia. 

E aqueles pais ali, pensando: caramba, olha o que a gente defendeu nos últimos quatro anos. Mas nem todos. Eu via que uns ficavam com o celular, saiam no meio da peça, deixavam o filho lá com a mãe, mas a gente sabia que ia causar depois esse conflito geracional.

A arte tem mesmo esse papel de fazer refletir?

Eu sempre gostei de fazer teatro por isso. O teatro que eu faço a vida inteira é naturalmente político. Eu sempre quis falar coisas através das peças que escolhi montar. E eu não sou escritor, não sou dramaturgo. Eu escolho um projeto, muitas vezes até livros para adaptar, outras vezes textos teatrais, em que eu possa, através daquela peça, falar alguma coisa. Nessa peça, a gente tem essa possibilidade de fazer pensar, refletir, propor o debate.

Você vê diferença no público de teatro do Brasil e de Portugal?

Muito no comportamento. Eu acho que o brasileiro demonstra mais os sentimentos a partir do que é provocado. O que eu sinto com o que a gente fez até agora aqui, com o “Diário de Pilar na Grécia”, “A História de Nós 2” e “Tomo suas Mãos nas Minhas”, é que o português gosta de ser quebrado dessa sisudez. A gente começava uma temporada com 75% do público brasileiro e ao longo da temporada ia se equilibrando. 

E no caso da “História de Nós Dois”, por exemplo, depois de um tempo, a plateia passou a ser majoritariamente portuguesa. A gente sentiu que conseguiu romper [algumas barreiras]. A gente faz questão de quando acaba o espetáculo, ainda no calor da emoção, nos despedir do público. E aí o público português fica muito impressionado com isso.

Além de “O Diário de Pilar na Amazônia” você está preparando algo novo?

Tem uma coisa do Vinícius de Moraes que eu estou fazendo um roteiro. É um CD, que comprei há 20 anos, de Amália Rodrigues e Vinícius de Moraes. É lindo. É um sarau que a Amália fez para a despedida do Vinícius. Ele ia embora de Portugal, depois de três anos como cônsul, e ela faz um sarau em casa, uma noite entre amigos, com poesia, música. E aí, no final, a Amália fala para o Vinícius se despedir antes de ir embora para o Brasil. 

Ele agradeceu aos portugueses a felicidade de ter passado tantos anos aqui. E falou: “Se eu pudesse falar do fundo do meu coração, diria para relaxarem um pouco mais, se abrirem um pouco mais para o diferente e desatarem os nós das gravatas.” Isso foi em 1969, e acho que é atual até hoje.

E você vai montar esse espetáculo?

Vou. Eu peguei o roteiro a partir do CD e estou mudando um pouco para ser teatral. A minha ideia é fazer lá na Casa da Amália. Eu queria estrear isso lá. Eles fazem projetos tanto no jardim como na sala principal. Essa história se deu ali, na sala da casa dela. Eu queria montar uma coisa que tenha o Vinícius, a Amália, teria três músicos, teria mais um poeta, uma poetisa, que eram os amigos que estavam ali. Eu queria montar uma coisa que fosse quase que...

O último sarau? 

Exato. “O Último Sarau”. É um ótimo título. Se eu pegar esse título, eu peço autorização.

Já está autorizado.

Obrigado. Eu acho que poderia perdurar. Sabe aquelas coisas que ficam? E é lindo. Eu quero fazer o Vinícius, porque eu sempre quis fazer o Vinicius no teatro, sou apaixonado pela obra dele. Agora eu estou na idade boa para fazer o Vinicius. Poderíamos trazer uma atriz portuguesa para fazer a Amália Rodrigues.

Será que sai em 2025?

Eu acho que sim. Eu acho que podemos.

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