Dados divulgados nesta sexta (15) pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para a degradação das condições de moradia em Portugal.
Segundo o estudo "Inquerito às Condições de Vida e Rendimento", a proporção de pessoas que vivem em locais apertados, cujo "número de divisões habitáveis era insuficiente", aumentou para 12,9% —3,5 pontos percentuais que o valor registrado no ano anterior.
Outra conclusão do estudo diz respeito a pessoas que vivem em "condições severas de privação habitacional", que também aumentou para 6% —mais 2,1 pontos percentuais que o identificado em 2020, quando o resultado foi de 3,9%.
O frio como inimigo
O "conforto térmico" nas moradias em Portugal também não apresenta resultado muito melhor que o quesito espaço.
Os dados indicam que 20,8% da população vivia, em 2023, em locais sem capacidade financeira para manter a moradia "confortavelmente quente". Novamente, houve uma piora no resultado, registrando uma subida de 3,3 pontos percentuais.
Em 2022, Portugal era um dos cinco países da União Europeia em que esse conforto térmico nas casas teve o pior resultado. Registrou-se, naquele ano, uma taxa de 17,5% do indicador —resultado que era quase o dobro da média europeia, que foi de 9,3%.
O estudo divulgado pelo INE aponta que a situação é mais grave quando se considera que, em geral, muitas pessoas não tinham o mínimo conforto térmico por razões financeiras. Isto é, não poderiam arcar com os custos de calefação do ambiente.
Constatou-se, ainda, que 21,6% dos moradores viviam numa situação em que o alojamento não era "suficientemente quente" no inverno por outros motivos, e que 38% viviam em locais que não eram "adequadamente" frescos no verão.
Dormindo na rua
Durante a pesquisa também se ouviu pessoas que relataram ter sido necessário pernoitar em alojamentos (privados ou coletivos), na rua ou em espaços públicos.
Por não terem onde ficar, 4% dos ouvidos com 16 anos ou mais disseram já ter passado por pelo menos "uma situação de dificuldade habitacional" —3,2% delas precisaram ficar temporariamente nas casas de amigos ou familiares.
Os principais motivos para essas dificuldades, segundo os relatos, foram “problemas de relacionamento ou familiares” (39,6%) e “problemas financeiros” (19,1%).