Foguete da Starlink. Crédito: Starlink, Divulgação

Foguete da Starlink. Crédito: Starlink, Divulgação

Com Starlink, Elon Musk volta a desafiar autoridades brasileiras

Empresa de internet de Musk se recusa a suspender X no Brasil e pode ter concessão cassada

03/09/2024 às 09:20 | 2 min de leitura
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O bloqueio do X (ex-Twitter) no Brasil por ordem do Supremo Tribunal Federal fez com que Elon Musk mobilizasse todo um aparato jurídico para tentar reverter a suspensão da plataforma. Só que a preocupação do bilionário subiu um degrau porque, agora, outra empresa dele está na mira das autoridades: a Starlink. 

A Starlink é uma provedora de serviços de internet e corre o risco de perder a concessão para atuar no Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a companhia tem derespeitado a decisão de suspender o X no território brasileiro. 

Foi o que afirmou nesta segunda (2) à GoboNews o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, acrescentando que caso seja verificado que a Starlink ainda não suspendeu o acesso ao X nos seus serviços de internet, será aberto um “processo administrativo”.

X bloqueado no Brasil e a repercussão no mundo

“As sanções possíveis são aquelas previstas na lei geral de telecomunicações, começando na advertência, sanção de multa e aí, depois, a cassação da outorga. Perdendo a outorga, [a Starlink] perde autorização de prestar os serviços de telecomunicações no Brasil", afirmou Baigorri.

A explicação do presidente da Anatel veio depois que o plenário do Supremo Tribunal Federal validou por unanimidade, nesta segunda, a decisão do ministro  Alexandre de Moraes de bloquear o X no país. 

Os interesses de Elon Musk no Brasil: níquel, lítio e satélites

Moraes determinou, na sexta (30), o bloqueio dos serviços da X no Brasil depois que a empresa ignorou decisões judiciais para derrubar contas de usuários que disseminam desinformação.

A suspensão da X, que conta com cerca de 20 milhões de usuários no Brasil, entrou em vigor a partir da madrugada de sábado e o bloqueio seguirá até que a empresa cumpra as decisões do tribunal.

Recusa da Starlink e dinheiro bloqueado

Ao suspender as operações da X, o Supremo Tribunal Federal avisou os operadores de Internet para barrarem o acesso à rede, o que a Starlink se recusou a fazer, segundo anúncio do tribunal no domingo (1º).

De acordo com a Starlink, os tribunais brasileiros bloquearam as suas contas numa tentativa de garantir o pagamento de cerca de quatro milhões de dólares em multas da X. 

A companhia afirma que isso é irregular pois se tratam de empresas diferentes. No Brasil, a Starlink tem cerca de 215 mil linhas ativas no Brasil, a maioria na região amazônica.

Briga antiga

O ministro Alexandre de Moraes decidiu de forma preventiva suspender o X depois que a empresa retirou todos os representantes legais do país, ou seja, não existe ninguém que possa ser responsabilizado em solo brasileiro. 

A medida enfureceu Musk, mas não foi a primeira vez que o bilionário bateu de frente com a Justiça brasileira. Há meses, Musk tem chamado Moraes de “ditador” e feito constantes insultos ao ministro.

O bilionário se recusou a cumprir várias ordens judiciais para suspender dezenas de perfis na plataforma. Isso no âmbito de um processo conduzido por Moraes sobre disseminação massiva de notícias falsas e de ataques à democracia e às suas instituições.

Na decisão acompanhada de forma unânime pelos outros ministros do Supremo Tribunal Federal, Moraes citou o “descumprimento reiterado, consciente e voluntário de ordens judiciais e de pagamento de multas” impostas pela corte à empresa de Musk.

Segundo o juiz, isso teria a intenção de “instituir um ambiente de total impunidade” e uma “terra sem lei”, além de facilitar “a ação de grupos extremistas e milícias digitais nas redes sociais”. 

E, ainda, afirmou Moraes que isso se daria por meio de uma “disseminação massiva de discursos nazis, racistas, fascistas, de ódio e antidemocráticos”.

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