A Aliança Democrática (AD) teve uma vitória apertada nas eleições antecipadas deste domingo (10). Os grandes vencedores foram o Chega e o Livre, e o PS foi o principal derrotado.
O Chega, partido de extrema direita, teve um resultado expressivo ao conquistar mais de um milhão de votos e 18,06%. A sigla quadruplicou a bancada parlamentar, passando de 12 para 48 dos 230 deputados da Assembleia da República.
À esquerda, o Livre foi outro dos vencedores da noite eleitoral, passando de um para quatro deputados, com 3,2% e quase 200 mil votos.
A AD, que junta o PSD, CDS-PP e PPM, não foi além de uma vitória simbólica, com 29,5% e 79 deputados, dois a mais do que o PS.
Falta, entretanto, apurar quatro mandatos dos círculos da emigração —isto é, a apuração de portugueses que vivem fora do país e votam nos consulados.
Veja abaixo como era a composição da Assembleia da República, em 2022, e como fica agora, com os resultados de ontem:
Vitória apertada
Apesar da vitória, a coligação liderada por Luís Montenegro teve um dos piores resultados da história das coligações do PSD com o CDS.
Pior só na eleição anterior, em 2022, em que o PSD era liderado por Rui Rio e obteve 29,1% e 77 deputados, enquanto o CDS de Francisco Rodrigues dos Santos não foi além de 1,6%, ficando sem representação parlamentar.
PS o grande derrotado
O PS foi o grande derrotado da noite, não só porque perdeu as eleições e a maioria absoluta em 2022, como registrou um dos piores resultados da sua história.
Só em 1987 e 1991, com as maiorias absolutas de Cavaco Silva, e em 2011, quando o PS de José Sócrates já preparava a entrada da troika para garantir a ajuda externa obrigatória para superar a crise financeira, os socialistas tiveram resultados inferiores.
Os líderes estreantes tiveram resultados fracos. Luís Montenegro (AD) ganhou, mas sem folga. Pedro Nuno Santos, do PS, perdeu. Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, e
Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, repetiram os resultados de 2022, com oito e cinco mandatos, respetivamente. E Paulo Raimundo, que liderou a coligação do PCP com o PEV, perdeu dois deputados, ficando agora com quatro representantes no parlamento.
Chega quadruplica
Numa eleição com bastante participação, com uma abstenção que desceu para 33,7%, os veteranos André Ventura (Chega) e Rui Tavares (Livre) foram os grandes vencedores, conseguindo quadruplicar a sua representação no parlamento.
Inês Sousa Real, do Pessoas-Animais-Natureza, conservou-se a si própria como deputada única do partido no parlamento.
Governabilidade prejudicada
O resultado eleitoral saído das eleições de domingo pouco ou nada contribui para a governabilidade em Portugal. Seria, aliás, difícil imaginar um 'puzzle' mais difícil para dar estabilidade, apesar de os dois maioria partidos continuarem com mais de dois terços dos lugares no parlamento.
A esquerda é minoritária e à direita qualquer maioria, se formar governo, terá que contar com a extrema direita.
André Ventura avisou que o Chega quer ser "a peça central do sistema político" e tentou colocar pressão no líder de AD, que durante a campanha disse que não iria fazer acordo com a extrema direita.
Montenegro acredita que o presidente da República não dê a ele a posse como primeiro-ministro —devido à falta de apoio— e não disse que soluções irá buscar.
O líder socialista, Pedro Nunes Santos, assumiu a derrota, ainda que tenha a possibilidade aritmética de conquistar mais mandatos do que a AD após a contagem dos votos da emigração. A expectativa no PS já é a de liderar a oposição.
A ADN (Alternativa Democrática Nacional), com 1,6% e mais de 100 mil votos, ficou muito perto de alcançar um deputado no parlamento, levando alguns dirigentes políticos a sugerir que este resultado se deveu confusão de muitos eleitores da sua sigla com a da AD.
Com a Agência Lusa