Em 100 anos, mais de 2 milhões de portugueses emigraram para o Brasil

É verdade que Portugal tem sido um dos destinos preferenciais de brasileiros. Atualmente, segundo estimativa do antigo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), mais de 400 mil pessoas com nacionalidade do Brasil vivem em terras lusitanas. Mas o que nem todos sabem é que esse fluxo migratório já foi o inverso. 

Entre 1851 e 1960, ou seja, num espaço de pouco mais de um século, mais de dois milhões de portugueses cruzaram o Oceano Atlântico buscando uma vida melhor na antiga colônia. 

Os dados estão no estudo “Brasil, 500 anos de Povoamento", do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e pode se considerar que durante o período (1851-1960) ocorreu o “grosso” da emigração portuguesa para o Brasil. 

É um número que, no entanto, não deveria causar tanto estranhamento porque é óbvia a afirmação de que os portugueses são parte constitutiva do povo brasileiro -- assim como o são os povos originários e os povos sequestrados e escravizados da África. 

O Observatório da Emigração do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Universitário de Lisboa aponta os possíveis motivos para essa saída massiva de portugueses no período. 

Um deles foi a economia de Portugal na época. No início do século 20, a sociedade não absorvia o número de pessoas que deixavam o campo e iam viver nas cidades. A emigração para o Brasil foi consequência. 

Somado a isso, havia a perseguição política, a ausência de liberdade de expressão e o serviço militar obrigatório, que poderia durar sete anos. 

Para o governo português à época,entretanto,  a saída de tantos portugueses nem era um grande problema. Ao contrário. A remessa de dinheiro dos emigrantes para as suas famílias se tornou essencial para o equilíbrio das contas públicas de Portugal.