08/05/2024 às 16:54
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Em 2022, tragédias humanitárias como a que agora devasta o Rio Grande do Sul causaram, no Brasil, o deslocamento forçado de mais de setecentas mil pessoas.
É o que apontou o Relatório Global sobre Deslocamento Interno de 2023, organizado pelo Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos (IDMC, a sigla em inglês). O dado foi mencionado no relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgado nesta terça (7).
Até esta quarta (8), a catástrofe que atingiu a população gaúcha deixa mais de uma centena de mortos e mais de 120 mil desalojados. Este resultado engorda a estatística de deslocamento interno, na qual o Brasil tem despontado como um dos países mais afetados.
No relatório de 2023 do IDMC —elaborado com números referentes ao ano anterior—, o Brasil aparece como o país no continente americano com mais deslocamentosinternos de pessoas causados por desastres naturais ou provocados por ação humana: foram 708 mil, segundo o estudo.
Depois estão, em ordem decrescente, os Estados Unidos (675 mil); Colômbia (281 mil); Haiti (quinze mil); e Cuba (noventa mil) —veja o infográfico abaixo.
Somados, os cinco países registraram 2,1 milhões de deslocamentos internos por desastres, representando 4% das movimentações globais desse tipo.
Segundo os resultados, tal qual ocorre agora na região sul do Brasil, em 2022 as tempestades e enchentes foram as principais algozes da população brasileira submetida a desalojo forçado.
Na época, mais de uma dúzia de municípios do estado declararam situação de emergência naquela que foi considerada a pior catástrofe para a região em meio século. Joaboatão dos Guararapes foi a cidade mais castigada em termos de deslocamento, contabilizando cem mil desalojados.
Também no fim de 2021 e se estendendo pelo início de 2022, são lembradas no relatório as tempestades em Minas Gerais. O relatório contabiliza 107 mil deslocamentos na primeira semana daquele janeiro.
As duas catástrofes em 2022 foram os dois eventos climáticos no Brasil que mais causaram movimentações internas naquele ano.
O estudo cita outros 1,3 mil "desastres menores", com deslocamentos populacionais de menor expressão, mas que, ao fim do ano, somaram os 708 mil desalojamentos mencionados mais acima. Afirmam os pesquisadores que o resultado foi o pior em uma década.
Mudanças climáticas
As mudanças climáticas por conta do aquecimento global estão na raiz dos fenômenos que fizeram o Brasil ocupar o primeiro lugar do pódio de deslocamentos internos.
Divulgado ontem, o relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) traz um alerta para o ocorrência cada vez mais frequente do fenômeno chamado El Niño, além de um considerável aumento das temperaturas em determinadas regiões do planeta.
Em 2023, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já havia apontado que ondas de calor, secas e cenários com fortes chuvas seriam frequentes em todo o mundo, inclusive no Brasil.
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil indicam que, desde 1960, houve um aumento de precipitações extremas na cidade de Porto Alegre, agora arrasada pelas enchentes.
Na capital gaúcha, cresce a cada década o número consecutivos de dias com chuvas acima dos cinquenta milímetros. Comparando os 66 dias entre os anos de 2011 a 2020, com os 29 dias registrados entre os anos de 1961 a 1970, é possível ter uma dimensão do problema.
O relatório da OIM também aponta que fênomenos climáticos, como o ocorrido no Brasil em 2022, também provocaram deslocamentos massivos no Paquistão e na Nigéria, além da pior seca já registrada na Somália, na Etiópia e no Quênia.
Em todo o mundo, naquele ano, se calculou que 71,1 milhões de pessoas estavam na mesma situação.
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