A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras emitiu um alerta nesta sexta (17) para a falta de serviços básicos para as vítimas do desastre, indicando que mais de duzentas pessoas com malária e diarreias já foram atendidas.
“Um mês após o desastre, as necessidades humanitárias da população afetada permanecem urgentes. Relatos apontam para a falta de alimentos, abrigos e água potável, entre outras necessidades básicas de sobrevivência”, lê-se em documento da organização.
Segundo o relatório, 30 dias após a passagem do ciclone, do total das 845 pessoas assistidas em consultas ambulatórias só na província de Cabo Delgado, pelo menos 145 pacientes foram tratados para diarreia aquosa aguda.
Outras 68 pessoas precisaram de atendimento para malária, entre 30 de dezembro de 2024 e 5 de janeiro. As doenças, afirmam os socorristas, são causadas pela proliferação de mosquitos em águas paradas e falta de acesso a água potável.
Para estancar as doenças, além da assistência médica e medicamentosa, os profissionais do Médico Sem Fronteiras tem feito atividades de consciencialização das vítimas visando a prevenção das doenças; 367 pessoas já participaram das capacitações.
Dados atualizados pelas autoridades moçambicanas indicam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no Norte e Centro de Moçambique.
Apoio a vítimas
A organização não-governamental também informou que ajuda vítimas com dicas e formação em primeiros socorros psicológicos, inciativa da qual participaram 32 funcionários do Ministério da Saúde e agentes de saúde comunitários.
Outra frente importante do trabalho é a ajuda na reabilitação dos centros de saúde dos distritos de Mecufi e Metuge, na província de Cabo Delgado.
Também são doados kits de emergência e é feita a instalação de sistemas de água potável, fora a reparação e reposição da energia como caminho para restaurar serviços essenciais.
Luísa Suárez, coordenadora médica do Médico Sem Fronteiras, afirma que há urgência em respostas integradas que possam ir além de necessidades físicas, isto é, que contemplem também o bem-estar mental das comunidades afetadas.
"É crucial para garantir que as populações em situação de vulnerabilidade possam se recuperar e reconstruir suas vidas diante de desastres climáticos cada vez mais frequentes."
Devastação
De intensidade três numa escala que vai até cinco, o ciclone tropical Chido atingiu a zona costeira do Norte de Moçambique na madrugada de 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, e seguindo, nos dias seguintes, a atingir as províncias na região, incluindo Cabo Delgado.
A tempestade chegou com chuvas muito fortes —acima de 250 milímetros de chuva em 24 horas—, acompanhadas de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes. As informações são do Centro Nacional Operativo de Emergência.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, entre os meses de outubro e abril.
*Com a Lusa
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