A noite deste domingo (5) foi de celebração para o Brasil. A atriz Fernanda Torres conquistou algo inédito para o país: venceu o prêmio de Melhor Atriz de Dramapelo filme “Ainda Estou Aqui", de Walter Salles.
Fernanda sobe ao palco para pegar a estatueta 25 anos depois de sua mãe, a atriz Fernanda Montenegro, ter sido indicada na mesma categoria, também por um filme de Walter Salles.
Na ocasião, Montenegro não levou a estatueta com “Central do Brasil”, mas o filme venceu a categoria de Melhor Filme de Língua Não Inglesa.
Dizendo-se surpresa com o resultado, Torres subiu ao palco e enalteceu as performances femininas indicadas ao prêmio:
“Tantas atrizes aqui que eu admiro tanto, e, claro, agradecer a Walter Salles, meu parceiro e meu amigo, e quero dedicar esse prêmio à minha mãe, que estava aqui há 25 anos. Isso é uma prova que a arte dura na vida até nos momentos difíceis, pelos quais a Eunice Paiva passou. Com tanto problema no mundo hoje, com tanto medo, esse filme nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos como esses”
"Ainda Estou Aqui" concorreu também na categoria de Melhor Filme de Língua Não Inglesa, mas quem levou a melhor foi "Emilia Pérez".
Após o prêmio, na coletiva de imprensa, Fernanda Torres falou com os jornalistas e disse que não acreditava mesmo na vitória:
“Eu nunca pensei que fosse ganhar porque são tantas performances incríveis em inglês. Acho que porque teve 'Central do Brasil', com a minha mãe, 25 anos atrás, os brasileiros levam para o pessoal. É algo muito patriótico o que está acontecendo no Brasil. Estou muito feliz e queria dizer que o Globo de Ouro faz o Brasil muito feliz com esse prêmio hoje. Estamos realmente celebrando por lá”.
Uma história sobre a ditadura
O longa brasileiro "Ainda Estou Aqui" é inspirado no livro do jornalista e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva, publicado em 2015, um ano depois da publicação do relatório da Comissão Nacional da Verdade dando conta dos detalhes da tortura e o assassinato de seu pai, o político Rubens Paiva.
Marcelo Rubens Paiva também narrou no livro que inspirou o filme a busca incessante de sua mãe, Eunice Paiva, por informações sobre o que ocorreu com companheiro.
Somente em 1996, 25 anos depois do assassinato dele, em 1971, é que Eunice e a família tiveram reconhecida a morte de Rubens Paiva pelo Estado brasileiro. Até então, ele era dado como desaparecido.
Rubens Paiva fora uma das 243 pessoas vítimas de "desaparecimento forçado". O número é pouco mais da metade do total de pessoas exterminadas pela ditadura: 434, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, publicado em 2014.
Nenhum dos torturadores e assassinos que agiram em nome do Estado jamais foi julgado e punido.
O corpo de Rubens Paiva continua desaparecido.
A 82ª edição do Globo de Ouro ocorreu em Los Angeles, Estados Unidos, e é o início da temporada de premiações de Hollywood. Em março deste ano, no dia 3, também em Los Angeles, será a premiação do Oscar.
As expectativas seguem grandes com as indicações do filme e de Fernanda Torres. Em Portugal, "Ainda Estou Aqui" estreia nos cinemas dia 16 de janeiro.
“Ainda estou aqui” já levou mais de três milhões de pessoas aos cinemas brasileiros. É o primeiro filme original Globoplay.
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