Orquestra Maré do Amanhã. Crédito: Orquestra Maré do Amanhã

Orquestra Maré do Amanhã. Crédito: Orquestra Maré do Amanhã

Orquestra de jovens da Maré, favela no Rio de Janeiro, se apresenta em Lisboa

'Não havia como não voltarmos a Portugal, depois de termos sido tão bem recebidos pelo público', afirmou diretor da orquestra

01/02/2024 às 11:59 | 2 min de leitura
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Pela primeira vez, a Orquestra Maré do Amanhã (OMA) fará um concerto em um dos maiores palcos de Lisboa, com capacidade para receber 1 mil pessoas. O grupo é formado por jovens do Complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, e se apresenta nesta sexta (2), às 19h, no Teatro Tivoli. A entrada é livre. 

Os músicos voltam a Portugal cinco meses depois de serem um sucesso na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Antes de chegar a terras lusitanas, eles também fizeram concertos na Itália e na Alemanha. No Vaticano, o grupo de 24 jovens músicos teve a oportunidade de se apresentar para o papa Francisco, numa audiência reservada.

O criador da orquestra, Carlos Eduardo Prazeres, disse à BRASIL JÁ que o encontro com o papa foi emocionante. Em homenagem ao papa, que é argentino, os músicos tocaram Abuelito, um tango. Depois da apresentação, Carlos Eduardo disse que o pontífice falou aos jovens que a apresentação havia sido maravilhosa.   

Jovens do Complexo da Maré se apresentam. Crédito: Orquestra Maré do Amanhã

Com a benção do papa, os músicos ainda foram à Alemanha e, depois, chegaram a Portugal, onde já haviam se apresentado anos antes, durante a JMJ. 

"Não havia como não voltarmos a Portugal, depois de termos sido tão bem recebidos pelo público português. Também ficamos com vontade de mostrar em Lisboa o repertório completo, como nós fizemos nas outras cidades", afirmou o idelaizador da orquestra. 

A promessa para a apresentação única de amanhã é muita música popular brasileira, de artistas como Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Raul Seixas; e também sucessos do pop internacional, que vão de Michael Jackson à banda Foo Fighters. Em homenagem ao público lisboeta, a orquestra também tocará Uma casa portuguesa.

Ressignificando espaços

A Orquestra Maré do Amanhã nasceu de uma tragédia pessoal de Carlos Eduardo Prazeres. Em 1999, o pai do jornalista, o maestro português Armando Prazeres, foi sequestrado e assassinado no Rio de Janeiro. O carro que os criminosos usaram foi abandonado no Complexo da Maré, onde uma década mais tarde Carlos Eduardo ressignificaria o espaço da favela. O pai de Carlos Eduardo estava à frente de um projeto que também levava música às comunidades cariocas.  

"Para mim foi uma cura, uma libertação. Estando ali, tenho a certeza de que estou mudando a vida de alguém. E eu estou achando o máximo o sentimento de libertação no meu coração. (...) Eu encontrei, ali, a forma de me libertar de um significado. E mantenho a memoria dele [do pai] viva", disse o diretor da OMA. 

E de um projeto que, no início, contava com 26 alunos, em dez anos a iniciativa mudou mais de sete mil vidas através da música. Atualmente, são 40 os músicos que oficialmente compõem o grupo. Para as viagens, o que o grupo faz é instituir um rodízio, para que todos tenham a oportunidade de ampliar horizontes. 

Carlos Eduardo contou que uma das maiores supresas na recente passagem pela Alemanha foi durante uma entrevista de uma das musicistas do grupo. Segundo ele, a jovem afirmou em entrevista que nunca nem tinha visitado o Cristo Redentor, monumento na cidade onde vive. Mas, naquele momento, estava na Alemanha.  

Projeto em Portugal

Um dos objetivos de Carlos Eduardo Prazeres é também conseguir implementar um projeto parecido com a Orquestra Maré do Amanhã em Portugal.  

"Estou buscando algumas propostas de patrocínio. Já enviei para algumas empresas e estou aguardando. É o meu sonho. Retornar o que meu pai fez pelo Brasil, mas na terra dele, Portugal. Já temos tudo projetado com o maestro Filipe Kochem vindo para Portugal num primeiro momento a ajudar a implementar esta ideia", explicou Prazeres.

Um  dos locais que tem como foco é o bairro Serafina, em Portugal, que segundo o diretor também sofre com a violência urbana. 

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