Professores cabo-verdianos voltaram a se manifestar nesta segunda (12) na cidade da Praia. Eles pedem reajustes salariais ao governo e outras reivindicações. Os docentes também afirmam que as faltas de condições podem deixar alunos sem as notas no final do segundo período.
“Os alunos poderão ter as suas notas, mas não vão sair nas pautas”, afirmou Lígia Herbert, presidente do Sindicato Democrático dos Professores (Sindprof), que convocou o protesto para todos os municípios.
Na Praia, capital do país, algumas dezenas de docentes percorreram as principais ruas da cidade, mais uma vez vestidos de negro e a pedir respeito pelos seus direitos.
A manifestação aconteceu três meses depois de a maioria dos professores de Cabo Verde terem aderido a uma greve de dois dias, do primeiro ao 12.º ano de escolaridade, por falta de acordo com o governo sobre reajustes salariais e outros pontos laborais.
Lígia Herbert disse à Lusa que as reivindicações mantêm-se, sobretudo a de que nenhum professor cabo-verdiano ganhe menos de 107 mil escudos (970 euros).
“Nós não aceitamos 89 mil escudos (807 euros), como foi proposto, de forma faseada”, reforçou a sindicalista, indicando, ainda, que os professores querem promoções, reclassificações e atribuição de subsídio por não redução da carga horária.
Sem salários há dois meses
Estão igualmente solidários com cerca de 250 docentes que estão sem salário, há dois meses, a maioria deslocados, em ilhas afastadas das zonas de residência.
“Assinaram um contrato em outubro, voltaram a assinar em dezembro e está a ser dito que vão assinar novamente agora. Ou seja, há contratos precários dados aos professores e isso não podemos aceitar, porque os professores fizeram concurso e têm direito a um contrato fixo”, declarou a professora, alertando para os efeitos desta situação no desempenho dos docentes.
Os professores “não estão esquecidos” e pedem “uma resposta” do governo, frisou, dirigindo-se diretamente ao ministro da Educação, Amadeu Cruz, o principal visado nas críticas.
“Os direitos estão a ser totalmente sonegados, com desculpas esfarrapadas”, insistiu Lígia Herbert, que criticou a “má vontade” do executivo em atender às queixas dos docentes, que constituem mais de metade da administração pública cabo-verdiana.
A sindicalista pediu união aos colegas, que ficaram visivelmente descontentes por, mais uma vez, terem sido impedidos pela Polícia Nacional (PN) de se concentrarem em frente ao Palácio do Governo, sede do Ministério da Educação.
Questionada sobre o porquê da manifestação num dia de pausa nas escolas, por causa do Carnaval, a presidente do Sindprof explicou que o objetivo foi evitar que os professores voltassem a ser sofrer com descontos no salário, tal como aconteceu nos protestos anteriores.
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Com a Agência Lusa